quarta-feira, 31 de dezembro de 2014


Cancro sem saber como!!!



É assim que ficamos com cancro sem saber como!!!


Johns Hopkins – Cancer News from Johns Hopkins

Nenhum recipiente de plástico no micro-ondas.
Nenhuma garrafa de plástico no frigorífico.
Nenhuma cobertura de plástico no micro-ondas.
Dioxina causa cancro, especialmente o da mama.
Dioxinas são altamente venenosas para as células do nosso corpo. Não ponham água em garrafa de plástico no frigorífico, isso liberta a dioxina do plástico.
Recentemente, Edward Fujimoto, Gerente do Programa Wellness, no Castle Hospital, esteve num programa de TELEVISÃO a explicar esse perigo. Ele falou sobre a dioxina e como ela é perigosa para nós.
Ele disse que não devemos aquecer a comida em recipientes de plástico no micro-ondas.
Isso aplica-se especialmente a comidas que contêm gordura.

Ele disse que a combinação de gordura e calor  liberta a dioxina do plástico na comida e, finalmente, nas células do nosso corpo...
Ao invés, ele recomenda usar vidro, como Pyrex, ou recipientes cerâmicos para aquecer comida... Tem os mesmos resultados, só que sem a dioxina. Coisas como comida instantânea, sopas, etc., devem ser removidas da embalagem e aquecidas em qualquer outro recipiente.

Papel não é mau, mas não se sabe o que ele contém. É mais seguro usar vidro temperado, etc.
Ele recordou que, há algum tempo, alguns restaurantes de fast food eliminaram os recipientes de espuma para embalar.
O problema da dioxina é uma das razões.
Também demonstrou que aquela película de plástico também é perigosa quando posta sobre comidas para cozinhar no micro-ondas. O calor faz as toxinas venenosas derreterem-se e saírem do plástico, pingando na comida.
Em vez disso, deve tapar-se a comida com uma toalha de papel.






terça-feira, 30 de dezembro de 2014


A rapina dos bancos agrava-se em 2015

Custo mínimo de conta à ordem passa para 61,8 €


Economia e Finanças

O ano de 2015 trará uma novidade bancária: a conta-base. Se tem várias contas à ordem em vários bancos e não tem por hábito realizar regularmente operações de levantamento de dinheiro ao balcão fique a saber que o seu custo mínimo de conta à ordem passa para 61,8 € em 2015, subindo de um valor que poderá hoje corresponder a zero ou à anuidade do cartão de débito que possa ter associado à conta. Segundo uma análise do Jornal de Negócios a que tivemos acesso, o custo com o cartão de débito nos bancos nacionais andará entre os cerca de 8 € e os 15 €.

O que está em causa é adopção por parte dos bancos da adopção da recomendação do Banco de Portugal, publicada em Março de 2014, na qual se define uma conta-base que, entre outras características padronizadas, deve deixar de diferenciar as comissões de manutenção de acordo com os saldos médios em conta substituindo essa lógica por uma comissão fixa e um pacote de serviços comparáveis.

Para já esta conta-base e o seu preçário associado será implementada em breve pela Caixa Geral de Depósitos e pelo Crédito Agrícola (pelo menos) podendo em breve, caso o governo converta a recomendação em obrigação, ser alargado a todos os bancos.

O que vai acontecer, na prática, com a conta-base?

Na prática o que vai acontecer é que independentemente dos saldos médios, as contas terão um custo mensal associado de 5,15 € (os tais 61,8 € de que falamos no título e que já incluem o respectivo imposto de selo). Esta conta-base com este custo inclui o seguinte pacote de serviços, sugerido pelo Banco de Portugal, a saber:

  • Serviços relativos à constituição, manutenção, gestão e titularidade de conta de depósito à ordem;
  • Titularidade de um cartão de débito por cada titular da conta;
  • Acesso à movimentação da conta através de caixas automáticas, serviço de homebanking e balcões da instituição de crédito;
  • Operações incluídas: depósitos, levantamentos, pagamentos de bens e serviços, débitos directos e transferências intrabancárias nacionais (que poderão não ser gratuitas em alguns casos);
  • Os levantamentos realizados em qualquer dos balcões da instituição de crédito podem ser limitados ao número de três levantamentos no decurso do mesmo mês.
As isenções desaparecem todas?

Depende, é possível que os bancos estabeleçam que o envolvimento a nível de outros produtos determine isenções a esta comissão. Por exemplo, a Caixa Geral de Depósitos que já está a avisar os seus clientes do novo preçário que entra em vigor a 5 de Janeiro define uma hipótese de isenção:

Segundo a CGD ficam isentas:

Contas de depósitos à ordem com aplicações associadas(*), independentemente do montante das mesmas em cada conta, desde que pelo menos um dos titulares tenha Património Financeiro(*) com saldo médio mensal igual ou superior a € 3.500 no somatório dessas contas. Ficam, portanto, excluídas apenas para efeito deste critério de isenção de património financeiro as contas DO que não tenham aplicações associadas.

(*) depósitos a prazo, depósitos de poupança, depósitos classificados como produtos financeiros complexos, obrigações emitidas pela Caixa, fundos geridos por empresa do Grupo Caixa e seguros financeiros, contratados na rede Caixa.

Quem fica mais beneficiado/penalizado com a conta-base?

Os clientes não isentos no regime actual que tenham saldos médios elevados nas contas, provavelmente serão os principais prejudicados caso não consigam atingir as novas condições de isenção que os seus bancos possam eventualmente criar. Poderão inclusive ter um incentivo para encerrar as contas e concentrar as suas operações caso tenha contas dispersas.

Entre os principais beneficiados estarão os que não estavam isentos e/ou os que procediam habitualmente a levantamentos frequentes ao bancão que eram pagos. Agora passam a poder efectuar três levantamentos mensais gratuitos o que pode representar uma poupança significativa.

O que recomendamos?

Recomendamos que esteja atento às alterações dos preçários do banco ou bancos onde tenha contas à ordem sem condições especiais (como acontece com as contas-ordenado) pois poderá ter uma surpresa desagradável em termos de custos. Confirme junto do seu banco se tem uma conta com condições especiais (ser conta ordenado é garantia suficiente para evitar estas comissões?) e actue de acordo com as indicações que receber. Será sempre mais aconselhável actuar preventivamente do que reagir a um custo surpresa que lhe seja debitado da conta.

Por outro lado recomendamos considerar se não lhe será mais útil e económico migrar para uma conta de serviços mínimos bancários, um tipo de conta que continuará a existir e que terá um custo máximo anual equivalente a 1% do salário mínimo nacional, ou seja, de 5,05 € em 2015 garantindo os seguintes serviços:
  • abertura e manutenção de uma conta de depósito à ordem – a conta de serviços mínimos bancários;
  • disponibilização de um cartão de débito para movimentação da conta;
  • acesso à movimentação da conta de serviços mínimos bancários através de caixas automáticos, serviço de homebanking e balcões da instituição de crédito; e
  • realização de depósitos, levantamentos, pagamentos de bens e serviços, débitos directos e transferências intrabancárias nacionais a partir da conta de serviços mínimos bancários.




domingo, 28 de dezembro de 2014


Overton: como aceitar uma coisa intolerável



Cristina Mestre

Muitos de nós conhecem os métodos através dos quais os políticos e os seus assessores de imprensa influenciam a opinião pública. Digamos que isso já é um dado adquirido nas chamadas democracias ocidentais e, por isso, por vezes somos cépticos em aceitar propostas políticas, que tantas vezes são criadas artificialmente nos gabinetes das empresas de assessoria.

Ora essas «tecnologias» parecem brincadeiras de crianças comparadas com uma relativamente recente (desenvolvida nos anos 90) que tem por objectivo tornar aceitável na sociedade algo que, antes, era totalmente inaceitável e intolerável.

Trata-se da Janela de Overton, um modelo de engenharia social criado por Joseph P. Overton (1960–2003), ex-vice-presidente de um think tank norte-americano chamado Mackinac Center for Public Policy (Centro Mackinac para Políticas Públicas).

Overton criou um modelo para demonstrar como um pequeno grupo de pensadores, (think tank) pode mudar de forma intencional e gradual a opinião pública. A Janela de Overton é o conjunto de ideias «aceitáveis» num dado momento na sociedade.

A gradação das opiniões da sociedade em relação a determinado tema vão desde:

Intolerável (impensável);
Radical;
Aceitável;
Sensato;
Consensual;
Consagrado em políticas públicas.

Esta gradação corresponde a uma outra: proibido, proibido com ressalvas, neutro, permitido com ressalvas, permitido livremente.

Os think tanks constituem conjuntos de pessoas que produzem e divulgam opiniões fora da Janela de Overton com a intenção de tornar a sociedade mais receptiva a tais ideias e políticas públicas.

Quando esse grupo de fazedores de opinião quer promover uma ideia que está fora do que a opinião pública considera razoável, ou seja, que a sociedade não aceita, ele pode adoptar uma série de procedimentos graduais que farão as pessoas mudar completamente de ideias em pouco tempo.


Assim, através da sua acção nos media, vai-se introduzindo no discurso público ideias a princípio consideradas inaceitáveis, radicais, impossíveis de implementar, mas que, com a sua exposição ao público, passam de inaceitáveis a toleráveis e, posteriormente – na última fase – são consagradas na legislação.

Aplicando o modelo à vida política, constata-se que numa sociedade existe um conjunto de temas políticos que não causam polémica, ou seja, de entre todas as políticas públicas possíveis, há um conjunto delas que é aceite pela maioria da população sem que haja grandes debates. Esta é a Janela de Overton.

Como já dissemos, a posição da janela não é imutável, sendo que ela pode ser manipulada para introduzir novos temas ou mesmo excluir temas que já foram aceitáveis. Os políticos que desejem ter mais hipóteses de ser eleitos apenas devem assumir posições políticas que se encaixem dentro da Janela de Overton.

Para entender como a opinião pública pode ser mudada gradualmente costuma-se usar o exemplo do casamento gay (e também da eutanásia infantil). Durante anos, a Janela de Overton esteve na área do proibido, a sociedade não podia aceitar a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com a constante exposição dos argumentos pró-gay nos media, a janela foi-se deslocando para proibido com ressalvas, depois para neutro, até chegar onde está hoje: permitido com ressalvas. Em breve será permitido livremente. Para que haja o deslocamento da Janela de Overton para posições que sejam de interesse de determinados grupos é aplicado um esforço altamente profissional, que faz parte do que se convencionou chamar de engenharia social. Este esforço é assegurado por um enorme número de especialistas em opinião pública: técnicos, cientistas, assessores de imprensa, relações públicas, institutos de pesquisa, celebridades, professores, jornalistas, etc..

Muito curioso é o facto de tais temas (casamento gay, eutanásia) já não nos causarem estranheza. Como se viu, eles já passaram por todo o processo de conversão de «inaceitável» em «consagrado na legislação».

Mas um conhecido cineasta russo, Nikita Mikhalkov, no seu vídeo-blog Besogon. TV, propõe-nos, para compreender melhor este processo, um tema que ainda é intolerável na sociedade: o canibalismo.

Creio que o facto de ter escolhido uma prática que hoje é totalmente proibida e inaceitável facilita a nossa compreensão de como as coisas se processam ou poderão processar. Há ainda outros temas que hoje a sociedade não tolera mas que pode vir a tolerar, como a eutanásia infantil ou o incesto.

Segundo ele, o deslocamento da Janela de Overton no que toca ao canibalismo poderá passar pelas seguintes etapas:

Etapa 0 – É o estado actual, o tema é inaceitável, não se discute na imprensa ou em geral entre as pessoas.

Etapa 1 – O tema passa de «completamente inaceitável» para apenas «radical». Alegando que deve haver liberdade de expressão e que não deve haver tabus, o tema começa timidamente a ser discutido em pequenas conferências, onde se obtém uma declaração de um cientista respeitável, promove-se o debate «científico». É criada, digamos, uma Associação de Canibais Radicais, que passa a ser citada nos media. Aqui o tema deixa de ser tabu, é introduzido no chamado espaço informativo.

Etapa 2 – O tema do canibalismo passa de «radical» para a área do «possível». Os cientistas continuam a ser citados, é criado um nome elegante: já não há canibalismo mas sim, por exemplo, «antropofagia». Posteriormente este termo passa também a ser considerado ofensivo e a prática começa a ser designada, suponhamos, por «antropofilia». O objectivo é desligar a forma da designação do seu conteúdo. Paralelamente é criado um precedente histórico de apoio. Pode ser um facto mitológico, um facto actual ou apenas inventado mas, o mais importante, é que contribua para legitimar a prática. O principal objectivo desta etapa é retirar parcialmente a «antropofagia» da ilegalidade, nem que seja num único momento histórico.

Etapa 3 – Passa-se da fase do «possível» para a fase do «racional» ou «neutro». São apresentados argumentos como «necessidade biológica». Afirma-se que o desejo de comer carne humana pode ser genético, «próprio da natureza humana». Em caso de fome grave, de «circunstâncias insuperáveis», uma pessoa livre deve ter o direito de fazer escolhas. Não se deve esconder a informação para que todos possam assumir que são «antropófilos» ou «antropofóbicos».

Etapa 4 – Na opinião pública é criada uma polémica artificial sobre o tema. A sua popularização apoia-se não só em personagens históricas ou mitológicas mas também em figuras mediáticas actuais. A antropofilia começa a entrar massivamente nas notícias, nos talk-shows, no cinema, na música pop, nos videoclips. Um dos métodos da popularização é o chamado «olhe à sua volta». Por acaso você não sabe que um conhecido compositor é antropófilo?

Etapa 5 – Nesta etapa o tema é lançado no top da actualidade: começa a reproduzir-se automaticamente na imprensa, no show business e… na política. Nesta etapa, para justificar os adeptos da legalização, é utilizada a «humanização» dos adeptos, («são pessoas criativas», «os antropófilos são vítimas da educação que tiveram», «quem somos nós para os julgar?»

Etapa 6 – Nesta fase, a prática passa de «tema popular» para o plano da «política actual». Começa a ser preparada a base legislativa, aparecem grupos de lobby, publicam-se pesquisas sociológicas que apoiam os adeptos da legalização. Introduz-se um novo dogma – não se deve proibir a «antropofagia». Aprovada a lei, o tema chega às escolas e jardins de infância e, consequentemente, a nova geração já não conhece como poderá pensar de forma diferente.

Como disse acima, este exemplo sugerido pelo cineasta Nikita Mikhalkov não deixa de ser hipotético.

No entanto, não teria sido assim que todas as «novas práticas», impensáveis há poucas décadas, entraram na nossa sociedade e se tornaram aceitáveis aos olhos de toda a gente?





sexta-feira, 26 de dezembro de 2014


Ser homem ou mulher está inscrito no DNA


Luis Jensen com a sua esposa Pilar Escudero

Luis Jensen, médico membro do Instituto das Famílias de Schoenstatt e do Centro de Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Chile, revelou que a homossexualidade «jamais vai permitir o desenvolvimento pleno da satisfação da complementariedade».

No dia 10 de Dezembro deste ano, apresentou-se no Chile um projecto de lei do «Matrimónio Igualitário», que quer modificar a Lei do Matrimónio actual para permitir as uniões homossexuais.

O projecto de lei foi pensado e redigido pelo Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), o mesmo que criou o conto «Nicolau tem dois pais».

Em declarações feitas ao Grupo ACI, Jensen referiu que «se eu acredito que na natureza tudo tem o mesmo valor, então a pessoa desaparece, porque a pessoa é o mais extraordinário, é distinta, é outra entidade diferente do resto das coisas naturais».

«O ser homem e mulher, que são as duas formas de ser pessoa, tem uma razão de ser, um porquê, um para quê, está inscrito no DNA. Se ignorar isso, está ignorando uma coisa que não é electiva, mas constitutiva», afirmou.

Luis Jensen explicou que «a pessoa que realmente necessita move-se para procurar o outro e enriquece-se com o outro. E nessa relação, descobre que o outro também tem necessidades. E para fazê-lo feliz, que é a essência do amor, dá o máximo de si próprio como dom, como presente ao outro. Essa é a dinâmica do amor, a dinâmica do dom, da gratuidade».

Entretanto, advertiu o perito, as relações que se estabelecem hoje «não têm como base a complementariedade».

Jensen sustenta que «estas relações (homossexuais) ficam na reciprocidade: em que eu te dou e tu me dás, que é na verdade um intercâmbio comercial, funcional, estrutural, mas não da natureza da pessoa. Onde está a gratuidade? Já não é a dinâmica do amor mas a dinâmica da organização, do intercâmbio, da comercialização».

Para o médico, a polaridade homem-mulher tem a sua causa na «unidade do homem e da mulher porque são capazes de complementar-se em todos os campos».

«Isso jamais vai acontecer na homossexualidade, por muita imitação que façam, por muita intenção, boa vontade ou amor pessoal que tenham, não acontece. Por isso mesmo, acredito que hoje querem tirar o conceito da complementariedade do vocabulário e ficar com o da reciprocidade».

Para Jensen, actualmente procura-se «reduzir o tema do essencial do ser humano a róis: Há um rol feminino e um rol masculino, um rol paternal e um rol maternal, e já não se responde ao que é a natureza masculina e feminina».

«Tomou-se o mundo social como referência e não o mundo pessoal», criticou, denunciando que agora «os modelos constroem-se na base como se organizou socialmente o homem e não na base do que é o homem».





terça-feira, 23 de dezembro de 2014


Presentes de Natal


Inês Teotónio Pereira

As crianças até muito tarde não sabem o que querem. O que elas acham que querem tem a ver com a qualidade dos anúncios que lêem e não com o brinquedo anunciado

Um dia levei um dos meus filhos a uma loja de brinquedos para lhe comprar o presente de anos e confessando-me absolutamente incompetente para o fazer pedi-lhe que escolhesse um brinquedo. A criança ficou desorientada e incapaz de o fazer. Ficámos horas a passear pelos corredores da loja e no meio daqueles milhares de brinquedos ele deixou de ter critério e desorientou-se. Acabámos por escolher uma banalidade qualquer que se revelou absolutamente inútil. Passaram alguns anos mas ele ainda se lembra do episódio traumático e ainda lá temos em casa um boneco da Guerra das Estrelas com o qual ele nunca brincou e que só não deitamos fora para nos lembrarmos da asneira e para não a repetirmos. Recentemente fiz outra asneira parecida. Em vez de comprar um presente de anos para outro meu filho resolvi dar-lhe um vale para um jogo de consola que ainda não tinha saído. O rapaz ia chorando. Em vez do jogo ou de outra coisa qualquer tinha recebido uma espécie de futuro do petróleo dos pequeninos. Foram assim goradas todas as suas expectativas e o dia de anos ficou irremediavelmente estragado.

Aprendi com isto duas coisas: a primeira, e óbvia, é que não tenho jeitinho nenhum para dar presentes e a segunda é que as crianças só gostam de presentes porque os presentes são surpresas. A surpresa é tudo. Até pode ser um par de meias, mas, desde que esteja embrulhado e envolto em secretismo, as meias até podem cheirar a chulé que eles gostam na mesma (claro que estou a exagerar). Um dos meus filhos (umas destas duas vítimas) quando lhe perguntaram o que é ele queria no Natal respondeu-me simplesmente que queria «uma surpresa», em jeito de provocação e só para me fazer sentir mal.

E isto leva-me inevitavelmente aos presentes de Natal e às listas de presentes de Natal que eles tanto gostam de fazer. Eu sou contra as listas de Natal. Perante uma lista de Natal só temos duas opções: ou estragar a surpresa e dar o que vem na lista ou dar uma surpresa e ignorar o que eles escolheram. Qualquer delas é má, sendo a lista a pior de todas. A lista estraga o Natal. Supostamente damos presentes no Natal para mostrarmos aos beneficiários do nosso débito que nos lembramos deles, que perdemos tempo a pensar naquilo que os faz felizes, e principalmente que sabemos perfeitamente aquilo que os faz felizes. Quando optamos por recorrer a uma lista estamos simplesmente a gastar dinheiro com eles. Ponto. O espírito natalício fica assim reduzido ao tamanho do estrago no saldo bancário e não ao trabalhão que é encontrar coisas que surpreendam, que façam jeito e que se ajustem na perfeição aos gostos da tia ou da criança.

As crianças até muito tarde não sabem o que querem. O que elas acham que querem tem a ver com a qualidade dos anúncios que vêem e não com o brinquedo anunciado. O critério é apenas esse. Mas a resposta aos anseios natalícios e materiais dos nossos filhos está nas características de cada um e não na felicidade que transborda dos anúncios. E isso dá muito trabalho. Sermos nós a escolher os brinquedos dá trabalho porque põe à prova o conhecimento que de facto temos dos nossos filhos e porque nos obriga a pensar naquilo com que queremos que eles brinquem. Os gostos dos nossos filhos somos nós que muitas vezes condicionamos e é por isso que somos pais. A democracia neste capítulo conta pouco.

Deve ser por tudo isto que a cinco dias do Natal ainda não consegui comprar um único presente. Na verdade, ainda bem que não deitei fora nenhuma das listas de Natal que eles fizeram.





sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


A maior empresa do mundo


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um «não». É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta… Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo.

                                                                                              

                                                                         Fernando Pessoa


SEXTILHAS INSPIRADAS NA PROSA DE PESSOA...  

NESTE NATAL 2014

        Viver, segundo Pessoa,
        era, sob qualquer prisma,
        «maior empresa do mundo»,
        podendo ser coisa boa
        ou, não detendo carisma,
        causar um trauma profundo...

        Há que – apesar de tudo –
        aprender e aceitar
        provas amargas, qual  lima...
        Face a calúnias, ser mudo.
        Más-línguas? É só esperar...
        Verdade? Vem sempre acima!

        Mesmo em momentos de escolhos,
        mantenho o brilho nos olhos,
        materiais coleccionando...
        Para, gratuitamente, erguer
        um castelo a condizer
        com o que me vão atirando...

        E é por isso que agradeço
        cada pedra no caminho...
        (excelentes contribuições)!
        Meu castelo, aqui confesso,
        tem estrutura de carinho,
        desvelo, amor e ilusões...

        Cada arremesso, um presente,
        e à lareira, nesta quadra,
        tudo dispus. Passo a passo...
        E fique o leitor ciente:
        não fui à «Feira da Ladra»
        comprar versos... Eu os faço!

        «Bem-haja!» – reitero, a rodos,
        pelos contributos raros
        para a minha construção...
        Feliz Natal para todos
        que sois à minha alma caros,
        os que supris decepção!


Teresa Machado (com votos, também, de um 2015
repleto de Amor Divino).

Dezembro / Natal / 2014






quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


De facto, Toca a Todos!



Já fez a sua chamadinha para ajudar as criancinhas pobres?

De facto TOCA A TODOS e até sobra um bocadinho para a Cáritas!

Veja:

Você paga pela chamadinha €0,738 – o coelhinho fica com €0,138.

Sobram €0.60 para as criancinhas?

Não, porque as operadoras telefónicas ficam com 50%!

Então sobram €0,30 para as criancinhas?

Ainda não, porque o operador de audiotexto fica com 50 a 70%!

Dos €0,738 que você pensava estar a doar para as criancinhas elas receberão quanto muito 15 cêntimos, provavelmente 9 cêntimos!

Toca mesmo a todos!

Até às criancinhas carenciadas!





segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


A Imaculada Conceição

e a História de Portugal


P. Francisco Couto
P. Senra Coelho

As Nações sobrevivem à erosão do tempo e permanecem vivas na história dos povos se prosseguirem na fecundidade que lhes vem da sua espiritualidade e da sua cultura. A diluição espiritual e cultural de um povo significará inevitavelmente a perca da sua identidade e a sua fusão num hoje sem futuro.

A História de Portugal regista dois momentos altos na recuperação da sua independência: a Revolução 1383-1385 e a Restauração de 1640.


Na Revolução de 1383-1385 salienta-se o cerco de Lisboa, que durou cerca de cinco meses e terminou em princípios de Setembro de 1384, acentuando-se durante o assédio, o significado da vitória alcançada por D. Nuno Álvares Pereira em Atoleiros a 6 de Abril de 1384 e a eleição do Mestre de Aviz para Rei de Portugal, curiosamente a 6 de Abril de 1385. Em 15 de Agosto travou-se a Batalha de Aljubarrota, sob a chefia de D. Nuno Álvares Pereira, símbolo da vitória e da consolidação do processo revolucionário de 1383-1385.

No movimento da restauração destaca-se a coroação de D. João IV como Rei de Portugal, a 15 de Dezembro de 1640, no Terreiro do Paço em Lisboa.


A Solenidade da Imaculada Conceição liga estes dois acontecimentos decisivos na História da independência de Portugal e no contexto das Nações Europeias. Segundo secular tradição foi o condestável D. Nuno Álvares Pereira quem fundou a Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Vila Viçosa e quem ofereceu a imagem da Virgem Padroeira, adquirida na Inglaterra. Este gesto do Condestável reconhece que a mística que levou Portugal à vitória veio da devoção de um povo a Nossa Senhora da Conceição.

Aliás, já desde o berço, já aquando da conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques, havia sido celebrado um pontifical de acção de graças, em Lisboa, em honra da Imaculada Conceição.

A espiritualidade que brotava da devoção a Nossa Senhora da Conceição foi novamente sublinhada no gesto que D. João IV assumiu ao coroar a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha de Portugal nas cortes de 1646.


Esta espiritualidade imaculista foi igualmente assumida por todos os intelectuais, que na prestigiada Universidade de Coimbra defenderam o dogma da Imaculada Conceição sob a forma de um juramento solene.

De tal modo a Imaculada Conceição caracteriza a espiritualidade dos portugueses, que durante séculos o dia 8 de Dezembro foi celebrado como «Dia da Mãe» e João Paulo II incluiu no seu inesquecível roteiro da Visita Pastoral de 1982 dois Santuários que unem o Norte e o Sul de Portugal: Vila Viçosa no Alentejo e o Sameiro no Minho.

O dia 8 de Dezembro transcende o «Dia Santo» dos Católicos e engloba indubitavelmente a comemoração da Independência de Portugal, que o dia 1 de Dezembro retoma. O feriado do dia 8 de Dezembro é religioso, mas é também celebrativo da cultura, da tradição e da espiritualidade da alma e da identidade do povo português.

Não menos importante, e em âmbito religioso e litúrgico, o tema da Imaculada Conceição da Virgem Maria é já abundantemente abordado pelos Padres da Igreja. Será o Oriente cristão o primeiro a celebrá-la. Festividade que chega à Europa Ocidental e ao continente europeu pelas mãos das cruzadas Inglesas nos séc. XI e XII. Vivamente celebrada pelos franciscanos a partir de 1263, será o também franciscano Sixto IV, Papa, que a inscreverá no calendário litúrgico romano em 1477.

De facto, o debate e a celebração desta festividade em toda a Europa é acompanhada pela História do próprio Portugal. Coimbra, como já vimos, tem um importante papel em todo este processo.

Em 8 de Dezembro de 1854, viverá a Igreja o auge de toda esta riqueza teológica e celebrativa. Através da bula «Ineffabilis Deus», Pio IX, após consultar os bispos do mundo, definirá solenemente o dogma da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

Não estamos diante de uma simples festa cristã ou de capricho religioso. O dogma resulta de tudo quanto a Igreja viveu até aqui e vive hoje em toda a sua plenitude. Faz parte da identidade da Igreja. Isso mesmo o prova o texto proclamado por Pio IX que apoia a sua argumentação nos Padres e Doutores da Igreja e na sua forma de interpretar a Sagrada Escritura. Ele, de facto, reconhece que este dogma faz parte, depois de muitos séculos, do ensinamento ordinário da Igreja.

Portugal, segundo Nuno Álvares Pereira, ou melhor, São Nuno de Santa Maria, e D. João IV isso mesmo o demonstram, não só como resultado da sua própria fé mas como expressão de um povo deveras agradecido pela sua Independência e Liberdade.

A Conceição Imaculada da Virgem é um dogma de fé segundo o qual Maria é considerada a primeira redimida pela Páscoa de Cristo.


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O P. Francisco Couto é Reitor do Santuário de Vila Viçosa e professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.

O P. Senra Coelho é professor do Instituto Superior de Teologia de Évora.





sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Comemorando o 8 de Dezembro

Ser mãe. O novo preconceito.



MariAna Ferro (Júdice Moreira)

Estar em casa com os filhos tornou-se um preconceito comum com o aumento do desemprego, das dificuldades e das restrições económicas.

Estar em casa antigamente, quando havia ajudas e irmãos mais velhos e quintas e casas grandes de férias e fim de semana era normal.

A mãe, tomava conta dos filhos, o pai trabalhava.

Hoje, algumas as mães não trabalham não porque não querem mas porque os pais trabalham demais.

É muito simples e tudo se resume ao tempo e a equações.

Se o pai trabalhar até às dez da noite já não vê os filhos, se a mãe trabalhar até às sete da tarde, vê-os duas horas. Este é um cenário.

O outro cenário são dois pais a chegar muito tarde e nenhum os vê e há alguém ou vários alguém que vão buscar, dão banho e jantar e às vezes deitam.

O terceiro cenário é o do pai e da mãe que chegam cedo.

Nenhum dos cenários é certo ou errado, é a vida.

Mas depois há aquele cenário em que a mãe está em casa com os filhos mesmo que um dos filhos ou todos os filhos estejam na escola. Então ela trata da casa e vai busca-los e fica com eles. E isto é o resumo do dia apesar da sua complexidade.

E este é o único cenário vitima de preconceito.

Estar em casa é mal visto.

Este é o meu cenário.

Todos os dias ouço todo o tipo de coisas. Entre essas coisas está a preocupação com o meu intelecto.

Posso estar a estupidificar, posso estar a ficar menos interessante e interessada, as minhas conversas podem estar todas centradas em filhos e fraldas e papas e o meu cérebro pode estar a ser pouco estimulado.

No fundo, ser mãe pode estar a fazer de mim burra.

Aceito que economicamente dois ordenados sejam melhores que um. Aceito que quando bem medido, organizado e planificado compense mais os dois pais trabalharem mesmo que para isso se tenha que recorrer a terceiros e pagar aos terceiros.

Eu amo e eu cuido. Ensino a falar e contar. Dou amor. Alimento. Visto e deito. Dou a mão para não caírem e trato das doenças. Dou mimo e segurança. Dou colo. Educo. Zango-me. Castigo. Ando pelo chão e mascaro-me e tento cumprir expectativas.

Não mereço palmas e muito menos ordenado.

Mas não chamem a isto de ser mãe uma coisa estúpida.