sábado, 25 de julho de 2015


Namoro na era da pílula


George Sim Johnston

Fala-se muito, hoje em dia, da crise do casamento. Os níveis de divórcio são altos e demasiadas crianças vivem em famílias monoparentais e frequentemente as pessoas acabam por se sentir isoladas e sós quando chegam à meia-idade. Mas fala-se pouco de namoro. Como é que se chega a um casamento? Como é que uma pessoa de 25 anos devia lidar com toda a cena do namoro?

Segundo o filósofo Leon R. Kass, a razão pela qual se fala tão pouco de namoro é porque «os próprios termos: ‘cortejar’ e ‘pretendente’ são arcaicos e se hoje as palavras mal se usam é porque o fenómeno praticamente desapareceu. Actualmente não existem normas de conduta socialmente definidas para ajudar os jovens a orientarem-se para o casamento. Para a grande maioria o caminho para o altar é território desconhecido: É cada casal por si, sem bússola, frequentemente sem um objectivo».

Esta ausência virtual de guiões para o namoro não tem precedentes. Até há pouco tempo, a sociedade possuía normas claras para governar a «dança» entre um homem e uma mulher antes do casamento. Há razões pelas quais isso já não acontece, salvo raras excepções.

Em primeiro lugar, vivemos naquilo a que Barbara Dafoe Whitehead chama uma cultura de divórcio. Muitos jovens adultos têm os pais divorciados e por isso falta-lhes não só bons conselhos como um modelo convincente para o matrimónio. O fim doloroso dos casamentos dos seus pais deixa-os reticentes quanto à ideia de compromisso.

Em segundo lugar, tem havido uma grande mudança de prioridades em relação ao trabalho e à família. Hoje as pessoas querem ter independência financeira antes de pensar sequer em casar, enquanto os seus pais (e certamente os seus avós) costumavam casar antes de terem uma situação financeira clara. Há cinquenta anos esperava-se que os jovens casais subsistissem com pouco nos primeiros anos do casamento e isto tendia a fortalecer a relação.

«Se esperar até aos trintas», escreve Charles Murray, «é provável que o seu casamento seja uma fusão. Se casar antes é natural que seja um start-up… Quais são as vantagens de um casamento start-up? Em primeiro lugar, ambos terão memória das suas vidas em conjunto quando tudo estava ainda por definir (…) e cada um saberá que sem o outro não seria a pessoa que é hoje».

Em terceiro lugar, muitos solteiros tendem a viver o que Kay Hymowitz apelida de uma «adolescência pós-moderna». Este estado de suspensão emocional tem sido retratado em séries como Seinfeld. Homens novos (e algumas mulheres) que não vêem qualquer razão convincente para se tornar adultos; podem nem saber bem o que a palavra significa.

Para os homens este atraso em aceitar as responsabilidades da vida adulta explica-se em parte pela disponibilidade de sexo sem compromissos. «Se a cultura oferece acesso sexual sem exigir compromisso pessoal em troca», escreve James Q. Wilson, «muitos homens optarão sempre pelo sexo».

O sexo, em tempos reservado para o casamento, é agora visto como parte essencial do namoro. Isto não clarifica o pensamento nem enriquece as emoções. O sexo casual criou um clima de cinismo entre os jovens, que entraram no hábito de tratar os membros do sexo oposto como um meio para atingir um fim. A transformação do sexo numa actividade casual faz mirrar o sentido do namoro e, portanto, do próprio casamento.

Estado de suspensão emocional
A modernidade dá muita importância à ideia de liberdade, mas diz pouco sobre como usar essa liberdade. Um caso concreto é a revolução sexual, que tem tido um impacto devastador sobre o namoro e o casamento. De forma geral é difícil, passados estes anos todos, afirmar que a revolução sexual tornou as pessoas mais felizes. Talvez seja mais fácil comprovar o contrário. Considere-se, por exemplo, o número de nascimentos fora do casamento, que agora já ultrapassa os 40% na América e no Reino Unido, ou a epidemia de doenças sexualmente transmissíveis.

A revolução sexual foi iniciada pela introdução da pílula contraceptiva para mulheres. A pílula era suposto «libertar» as mulheres, mas teve uma série de efeitos imprevistos – pelo menos pelos que a promoviam mais vigorosamente.

A pílula concedeu aos homens uma autorização em branco para ter sexo sem responsabilidades, tornou-se algo que podiam exigir sem se preocuparem com as consequências. Tornou-se fácil aos homens tratar as mulheres como objectos de prazer (e algumas mulheres adoptaram a mesma atitude). Esta transformação de prazer físico em comodidade esvaziou o acto sexual do seu sentido nupcial. Fez com que os homens e as mulheres passassem a olhar uns para os outros de formas que têm pouco a ver com a aliança de permanente doação própria que é o casamento.

A pílula também ajudou a criar uma cultura de engate que – como até escritoras feministas de tendência liberacionista como Donna Freitas admitem – tem causado muita dor e frustração, sobretudo entre mulheres. Não é difícil ver que a promiscuidade sexual tanto nos campus universitários como mais tarde tem resultado em muitos homens e mulheres a entrar para o casamento com uma atitude consumista em relação ao sexo.

A pílula também ajudou a criar uma cultura de coabitação antes do casamento. Em 1960, o ano em que a pílula foi introduzida, quase ninguém coabitava antes de casar. Agora 60% já o faz. E acontece que a coabitação não é uma boa rampa de acesso ao casamento. Para começar, ensina aos casais uma noção de compromisso «light». Apelidos diferentes e contas bancárias separadas, a certeza de que se podem separar «a qualquer instante». Muitos casais descobrem apenas tarde de mais que a coabitação e o casamento não são de todo a mesma coisa.

A transformação da instituição do casamento terá de passar pela restauração do namoro, embora de uma forma diferente do que era há 60 anos. Recentemente uma aluna de 23 anos contou-me que o que se faz actualmente é juntar-se a um tipo que pode ou não vir a ser seu marido e nem pensar em casar até perto dos trinta. A sua geração precisa de ouvir as razões pelas quais isto é uma fórmula para a infelicidade aos cinquenta anos.


(Publicado pela primeira vez no sábado, 4 de Julho de 2015 em The Catholic Thing)





sexta-feira, 24 de julho de 2015


Ferramenta de espionagem da Google

instala-se sozinha nos computadores



Um software da Google que é capaz de escutar o que é dito perto do computador instala-se automaticamente, sem pedir autorização ao utilizador. A denúncia foi feita por programadores que usam o software Chromium, a versão em código aberto do navegador Chrome, da Google, que foram os primeiros a aperceber-se desta funcionalidade.


LER MAIS:

http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=4640666&page=-1






O aborto como «cuidados de saúde»

segundo as trupes liberalóides do PSD e do CDS


Heduíno Gomes

Acaba de ser debatido e aprovado na Assembleia da III República um diploma pelo qual os abortos praticados no Serviço Nacional de Saúde passam a estar sujeitos ao pagamento da chamada «taxa moderadora».


LER MAIS EM:

http://moldaraterra.blogspot.pt/2015/07/o-aborto-como-cuidados-de-saude-segundo.html





segunda-feira, 20 de julho de 2015


Maior rede de clínicas de aborto nos EUA

acusada de vender órgãos de fetos


Graça Andrade Ramos, RTP, 17 de Julho de 2015

Um vídeo publicado terça-feira e que rapidamente se tornou viral nas redes sociais, mostra a directora dos serviços médicos da Federação Planned Parenthood da América a debater, durante um almoço com actores que fingiam ser compradores de uma empresa biológica, a melhor forma de recolher partes dos corpos de fetos abortados.

Sede da Planned Parenthood em Houston, Texas
No vídeo, gravado com uma câmara oculta no dia 25 de Julho de 2014, a dra. Deborah Nucatola, directora dos serviços médicos da Federação Planned Parenthood da América, discute em detalhe, entre garfadas, como podem ser recolhidas as partes que os seus interlocutores queiram comprar.

VER EM:

http://www.rtp.pt/noticias/mundo/maior-rede-de-clinicas-de-aborto-nos-eua-acusada-de-vender-orgaos-de-fetos_n845406






O doloroso crescimento dos filhos


Inês Teotónio Pereira, ionline, 18 de Julho de 2015

Quando, por fim, as nossas crianças crescem, mudamos de filhos. Um filho crescido é outro filho. Estou a passar por essa fase e sofro dos mesmos sintomas de quando estava grávida, tirando as dores de parto ou mais dez quilos.

Tenho um filho mais alto que eu. E não é de menos. Ter autoridade numa criatura mais alta é desafiante, o tamanho desafia a nossa autoridade. É difícil ser respeitado quando nos olham de cima para baixo. E nós, ao contrário dos políticos, não falamos com os nossos filhos maiores do que nós através da televisão onde aparecemos todos sentados. Não sei lidar com isto.

Também não sei lidar com o facto de não saber o que eles pensam, de não saber o que eles querem e de ter sérias dúvidas sobre aquilo que eles fazem e dizem longe do meu olhar. E isto é mau. É mau porque tenho filhos fora do meu controlo. Antes de nascer um bebé temos dúvidas, curiosidade e, obviamente, falta de confiança. Mas é passageiro. A boa notícia é que, quando eles nascem, passamos a controlar tudo. Tudo mesmo. Somos donos e senhores dos nossos filhos em pleno.

Desde a alimentação às horas de sono, passando pelas amizades e brinquedos. No fundo, mandamos neles. Agora, quando eles se autonomizam e aumentam, voltamos às nossas inseguranças, dúvidas e muita curiosidade. A tendência, humana, é querer saber. E quando digo querer saber é saber mesmo tudo. Ora isto não é mau, é péssimo. Temos, então, duas alternativas: ou os controlamos forçosamente e lidamos com os nossos filhos como se eles ainda fossem mais baixos do que nós ou confiamos e resistimos a essa tentação. Tento o segundo caminho. Todos os dias tento o segundo caminho. 

A questão é saber como é que isto se faz. Há livros, especialistas, programas e sites que nos guiam durante a infância dos nossos filhos, tratando-nos como se nós fôssemos todos estúpidos. O que acho bem: há que proteger as crianças dos pais. No entanto, toda essa inteligência abandona-nos quando os nossos filhos crescem.

Nesta nova fase há um desajuste perturbante: nós continuamos os mesmos pais incapazes de sempre e dispostos a assimilar todos os conselhos dos especialistas, mas os nossos filhos já não são os mesmos descritos nos livros dos especialistas. Eles passaram a ser gente. Pois nós, pais, não estamos habilitados a tratar de gente. Estamos programados para proteger, ensinar, influenciar, castigar, alimentar, disciplinar e brincar com criaturas mais pequenas do que nós. Tudo o resto sai do âmbito das nossas competências. 

E de repente, sem aviso prévio, somos obrigados a mudar o chip. Agora o que vale é confiar, dar liberdade e não duvidar das amizades que não conhecemos. E isto é o mesmo que obrigar um leão a transformar-se em herbívoro. Não é natural. Sempre que estes meus filhos altos mergulham a cabeça no computador, tremo. E sempre que pedem para ir «com um amigo ao festival», transpiro. Este desapego é doloroso.

A felicidade deles passa a ser a nossa infelicidade: a nossa falta de sono deixa de ser porque eles invadem a nossa cama a meio da noite aterrorizados com o papão, mas porque estamos aterrorizados com a possibilidade de eles estarem rodeados de papões no dito festival.

Nós, pais, sabemos perfeitamente que os nossos filhos não são gente e nunca serão. Que apesar do tamanho, da idade ou da proliferação de pêlos, serão sempre irresponsáveis, influenciáveis, imaturos e nunca se alimentam ou dormem como deviam. Não confessamos nada disto, pelo contrário, mas sofremos. E sofremos sozinhos a ambiguidade entre o respeito que queremos manter e a liberdade que temos de lhes dar. Porque, acima de tudo, a única coisa que queremos é continuarmos a ser indispensáveis.