sexta-feira, 26 de dezembro de 2014


Ser homem ou mulher está inscrito no DNA


Luis Jensen com a sua esposa Pilar Escudero

Luis Jensen, médico membro do Instituto das Famílias de Schoenstatt e do Centro de Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Chile, revelou que a homossexualidade «jamais vai permitir o desenvolvimento pleno da satisfação da complementariedade».

No dia 10 de Dezembro deste ano, apresentou-se no Chile um projecto de lei do «Matrimónio Igualitário», que quer modificar a Lei do Matrimónio actual para permitir as uniões homossexuais.

O projecto de lei foi pensado e redigido pelo Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), o mesmo que criou o conto «Nicolau tem dois pais».

Em declarações feitas ao Grupo ACI, Jensen referiu que «se eu acredito que na natureza tudo tem o mesmo valor, então a pessoa desaparece, porque a pessoa é o mais extraordinário, é distinta, é outra entidade diferente do resto das coisas naturais».

«O ser homem e mulher, que são as duas formas de ser pessoa, tem uma razão de ser, um porquê, um para quê, está inscrito no DNA. Se ignorar isso, está ignorando uma coisa que não é electiva, mas constitutiva», afirmou.

Luis Jensen explicou que «a pessoa que realmente necessita move-se para procurar o outro e enriquece-se com o outro. E nessa relação, descobre que o outro também tem necessidades. E para fazê-lo feliz, que é a essência do amor, dá o máximo de si próprio como dom, como presente ao outro. Essa é a dinâmica do amor, a dinâmica do dom, da gratuidade».

Entretanto, advertiu o perito, as relações que se estabelecem hoje «não têm como base a complementariedade».

Jensen sustenta que «estas relações (homossexuais) ficam na reciprocidade: em que eu te dou e tu me dás, que é na verdade um intercâmbio comercial, funcional, estrutural, mas não da natureza da pessoa. Onde está a gratuidade? Já não é a dinâmica do amor mas a dinâmica da organização, do intercâmbio, da comercialização».

Para o médico, a polaridade homem-mulher tem a sua causa na «unidade do homem e da mulher porque são capazes de complementar-se em todos os campos».

«Isso jamais vai acontecer na homossexualidade, por muita imitação que façam, por muita intenção, boa vontade ou amor pessoal que tenham, não acontece. Por isso mesmo, acredito que hoje querem tirar o conceito da complementariedade do vocabulário e ficar com o da reciprocidade».

Para Jensen, actualmente procura-se «reduzir o tema do essencial do ser humano a róis: Há um rol feminino e um rol masculino, um rol paternal e um rol maternal, e já não se responde ao que é a natureza masculina e feminina».

«Tomou-se o mundo social como referência e não o mundo pessoal», criticou, denunciando que agora «os modelos constroem-se na base como se organizou socialmente o homem e não na base do que é o homem».





terça-feira, 23 de dezembro de 2014


Presentes de Natal


Inês Teotónio Pereira

As crianças até muito tarde não sabem o que querem. O que elas acham que querem tem a ver com a qualidade dos anúncios que lêem e não com o brinquedo anunciado

Um dia levei um dos meus filhos a uma loja de brinquedos para lhe comprar o presente de anos e confessando-me absolutamente incompetente para o fazer pedi-lhe que escolhesse um brinquedo. A criança ficou desorientada e incapaz de o fazer. Ficámos horas a passear pelos corredores da loja e no meio daqueles milhares de brinquedos ele deixou de ter critério e desorientou-se. Acabámos por escolher uma banalidade qualquer que se revelou absolutamente inútil. Passaram alguns anos mas ele ainda se lembra do episódio traumático e ainda lá temos em casa um boneco da Guerra das Estrelas com o qual ele nunca brincou e que só não deitamos fora para nos lembrarmos da asneira e para não a repetirmos. Recentemente fiz outra asneira parecida. Em vez de comprar um presente de anos para outro meu filho resolvi dar-lhe um vale para um jogo de consola que ainda não tinha saído. O rapaz ia chorando. Em vez do jogo ou de outra coisa qualquer tinha recebido uma espécie de futuro do petróleo dos pequeninos. Foram assim goradas todas as suas expectativas e o dia de anos ficou irremediavelmente estragado.

Aprendi com isto duas coisas: a primeira, e óbvia, é que não tenho jeitinho nenhum para dar presentes e a segunda é que as crianças só gostam de presentes porque os presentes são surpresas. A surpresa é tudo. Até pode ser um par de meias, mas, desde que esteja embrulhado e envolto em secretismo, as meias até podem cheirar a chulé que eles gostam na mesma (claro que estou a exagerar). Um dos meus filhos (umas destas duas vítimas) quando lhe perguntaram o que é ele queria no Natal respondeu-me simplesmente que queria «uma surpresa», em jeito de provocação e só para me fazer sentir mal.

E isto leva-me inevitavelmente aos presentes de Natal e às listas de presentes de Natal que eles tanto gostam de fazer. Eu sou contra as listas de Natal. Perante uma lista de Natal só temos duas opções: ou estragar a surpresa e dar o que vem na lista ou dar uma surpresa e ignorar o que eles escolheram. Qualquer delas é má, sendo a lista a pior de todas. A lista estraga o Natal. Supostamente damos presentes no Natal para mostrarmos aos beneficiários do nosso débito que nos lembramos deles, que perdemos tempo a pensar naquilo que os faz felizes, e principalmente que sabemos perfeitamente aquilo que os faz felizes. Quando optamos por recorrer a uma lista estamos simplesmente a gastar dinheiro com eles. Ponto. O espírito natalício fica assim reduzido ao tamanho do estrago no saldo bancário e não ao trabalhão que é encontrar coisas que surpreendam, que façam jeito e que se ajustem na perfeição aos gostos da tia ou da criança.

As crianças até muito tarde não sabem o que querem. O que elas acham que querem tem a ver com a qualidade dos anúncios que vêem e não com o brinquedo anunciado. O critério é apenas esse. Mas a resposta aos anseios natalícios e materiais dos nossos filhos está nas características de cada um e não na felicidade que transborda dos anúncios. E isso dá muito trabalho. Sermos nós a escolher os brinquedos dá trabalho porque põe à prova o conhecimento que de facto temos dos nossos filhos e porque nos obriga a pensar naquilo com que queremos que eles brinquem. Os gostos dos nossos filhos somos nós que muitas vezes condicionamos e é por isso que somos pais. A democracia neste capítulo conta pouco.

Deve ser por tudo isto que a cinco dias do Natal ainda não consegui comprar um único presente. Na verdade, ainda bem que não deitei fora nenhuma das listas de Natal que eles fizeram.