sábado, 7 de setembro de 2013

Bebés reconhecem palavras ouvidas
no útero da mãe

Expresso, 7 de Setembro de 2013

Cientistas descobriram, através do estudo das ondas cerebrais, que os bebés identificam palavras que ouviram durante os últimos três meses de gestação.

«Quando captamos um som da nossa língua materna,
se for repetido muitas vezes formamos no cérebro uma memória dele,
que é activada quando o ouvimos de novo
».
Quando um feto cresce dentro da barriga da mãe, ouve sons do mundo exterior, mas uma nova investigação acaba de concluir que esses sons são compreendidos tão bem que o bebé pode reter na sua memória depois de nascer.

Uma equipa de investigadores europeus liderados pelo neurocientista finlandês Eino Partanen, da Universidade de Helsínquia, descobriu que as regiões do cérebro do feto que processam os sons ficam activas nos últimos três meses de gestação.

E os sons vindos do exterior atravessam bastante bem o abdómen da mãe. «Se pusermos a mão sobre a nossa boca e falarmos, os sons ouvidos por outras pessoas são muito similares aos que um feto ouve», explica o neurocientista, «incluindo o ritmo de um discurso, o ritmo de uma música, etc.».

Procurar as ondas cerebrais

Os estudos anteriores eram baseados apenas no comportamento dos bebés perante determinados sons ou palavras, o que podia enganar os investigadores, mas a equipa de Eino Partanen decidiu colocar eléctrodos sobre a cabeça dos bebés, de modo a registar as correntes eléctricas do cérebro e procurar os traços neuronais das memórias formadas no período de gestação.

«Quando captamos um som da nossa língua materna, se for repetido muitas vezes formamos no cérebro uma memória dele, que é activada quando o ouvimos de novo», esclarece Partanen. Esta memória pode ser detectada como um padrão nas ondas cerebrais, mesmo quando um bebé está a dormir.

A equipa de investigadores pediu a um grupo de mulheres grávidas que repetisse muitas vezes nos últimos meses da gravidez uma gravação da palavra «tatata», intercalada por música.

Os bebés ouviram em média essa palavra 25 mil vezes dentro do útero da mãe e ao serem testados depois de nascerem, os seus cérebros reconheceram «tatata» e as suas variações, enquanto os cérebros dos bebés de um grupo de controlo que não tinha sido exposto a essa palavra não a reconheceram.

Aprender a  linguagem na gestação

Por outro lado, o sinal de reconhecimento nas ondas cerebrais era mais forte nos bebés cujas mães repetiram mais vezes a gravação. «Esta conclusão leva-nos a acreditar que o feto pode aprender muito mais informação detalhada do que antes pensávamos», assinala o neurocientista finlandês.

E Patricia Kuhl, uma neurocientista da Universidade de Washington em Seattle (EUA), vai mais longe e acrescenta que estes resultados sugerem «que a aprendizagem da linguagem começa no útero».

Toda esta investigação poderá ser usada no futuro para tratar crianças com risco de dislexia ou problemas auditivos, admite a equipa de investigadores europeus, que inclui cientistas da Finlândia, Estónia, Dinamarca e Holanda.





terça-feira, 3 de setembro de 2013

É prudente que os invertidos não sejam
dadores de sangue, assegura especialista


No meio da polémica pelo restabelecimento do veto às doações de sangue dos invertidos na Rússia, o Dr. José María Simón Castellví, presidente da Federação Internacional das Associações Médicas Católicas (FIAMC), referiu que «para o seu próprio bem e para o bem dos receptores de sangue, é prudente que não sejam dadores» os invertidos.

As autoridades governamentais da Rússia, que permitiram as doações de sangue por parte dos invertidos desde 2008, anunciaram recentemente que estão avaliando reverter esta decisão, depois de revelar que 65 por cento de infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) são invertidos.

O Dr. Simón Castellví explicou que «muitas pessoas não podem ser dadores de sangue por vários motivos: por anemia, menores de idade e por doenças diversas. Para o seu próprio bem e para o bem dos que recebem o sangue».

De forma similar, indicou, «um actor porno não pode doar sangue, mesmo que faça o controle com exames regulares», também não pode ser dador «um jovem que tem relações sexuais variadas».

«Os invertidos têm mais facilidade em adquirir o vírus da AIDS e muitos outros vírus ou organismos. Para o bem deles e para o bem dos receptores de sangue, é prudente que não sejam dadores», assinalou.

O médico espanhol indicou que «a relação sexual rectal tem os seus perigos, já que a natureza não preparou o ânus ou o recto para o sexo».

Entretanto, se uma pessoa invertida deseja exercer a caridade, recomendou o presidente do FIAMC, pode fazê-lo «dando dinheiro, comida ou carinho a um pobre».

As declarações do Dr. Simón Castellví estão sustentadas em estudos científicos, como os dos Centros para o Controle de Doenças (CDC), organismo governamental de investigação para a saúde dos Estados Unidos.

De acordo com os CDC, «os invertidos, bissexuais e outros homens que têm sexo com homens são os mais severamente afectados pelo HIV que qualquer outro grupo nos Estados Unidos».

Na sua «folha de factos», os CDC assinalam que «em 2010, os homens que têm sexo com homens somaram 63 por cento de novas infecções do HIV estimadas nos Estados Unidos, e 78 por cento de infecções entre todos os novos homens infectados. Comparados com outros grupos de transmissão, os homens que têm sexo com homens somam o maior número de novas infecções do HIV em 2010».

A Food and Drug Administration (FDA), organismo governamental dos Estados Unidos que controla os medicamentos e alimentos deste país, explicou a restrição de doar sangue a homens invertidos porque a sua «principal responsabilidade quanto ao sangue e aos produtos para o sangue é assegurar a segurança dos pacientes que recebem estes produtos que salvam as suas vidas».

A FDA desmentiu que a política de restringir as doações de sangue de homens invertidos seja discriminatória, explicando que está baseada «no elevado risco documentado de certas infecções que se transmitem através do sangue, tais como o HIV, associadas com as relações sexuais entre homens, e não está baseada em nenhum julgamento com respeito à orientação sexual do dador».