Heduíno Gomes
Está
na moda os políticos, até de esquerda e liberais de «direita», falarem na
família.
Aquilo que, para a esquerda e
liberais, era uma coisa «opressiva» deixou de sê-lo. O valor natural da família
passou a andar também na boca da classe política de esquerda e liberal.
Passou para a boca, não para as acções positivas. É que essa classe política
viu que a palavra rendia nas urnas. Passou então a utilizá-la mas esvaziando-a
do seu conteúdo, desvirtuando o conceito.
Industriada pela ideologia
subjectivista, relativista e permissiva maçónica, a classe política
de esquerda e liberal adoptou então a ideologia dos chamados dos «novos
valores» e das chamadas «novas formas de família», como se
a família natural não fosse realmente a única forma de família e os valores
éticos não fossem perenes e superiores às invenções do subjectivismo e do
modernismo.
Ou seja, estamos perante um artifício da contracultura, uma descarada
manipulação de linguagem, em que a palavra valores é abusivamente
utilizada para designar contravalores e família para designar
a sua negação.
Portanto, quando ouvimos falar de «família», temos de olhar o que o
político ou o activista querem dizer com a palavra...
A preparação ideológica para a destruição da família
Se hoje a doutrina dominante e oficial sobre a família a colocou de
rastos, isso não foi obra de um momento. Ao longo dos anos, os seus inimigos
têm vindo a desenvolver paulatinamente uma acção de manipulação ideológica, de
intoxicação, moldando os espíritos mais frágeis, mais influenciáveis. Essa
acção de intoxicação tem vindo a ser incentivada na sombra pela maçonaria, mais
radicalmente pela maçonaria irregular.
Esta
investida contra a família e os seus valores, ao longo dos anos, tem vindo a
ser desenvolvida nomeadamente através da RTP e depois das outras televisões.
Nesta intoxicação tiveram especial responsabilidade Soares Louro, Carlos Cruz,
Júlio Isidro, Maria Elisa, Manuel Falcão, Teresa Paixão, Balsemão, Emídio
Rangel e tantos outros. E nem o mui católico Roberto Carneiro, na chamada
«televisão da Igreja», está isento de culpas ao escolher para os seus
quadros declarados inimigos da família e ao ter aprovado vários programas
antifamília.
Aliás, não está isento Roberto Carneiro como não estão isentos os
senhores bispos com responsabilidades no projecto que puseram tal
competência doutrinal e financeira à cabeça desse canal e tinham
obrigação de vigiar a prática do executante. Senhores bispos que,
aliás — com uma ou outra conhecida e honrosa excepção —,
«adaptando-se aos tempos», também não deram grandes passos para contrariar
a tendência modernista que se acentuava na sociedade portuguesa. Pensa-se que a
alguns até agradava.
Diversas formas de ataque à família
Os ataques à família processam-se quer frontalmente, nomeadamente com
promoção do relativismo cultural, do liberalismo e da ideologia feminista, quer
em áreas que para isso concorrem, nomeadamente nos planos da filosofia, da
psicologia, da ética, da moral, da religião, da demografia, da política, da
fiscalidade, do direito, da educação, da antropologia, da biologia, da própria
história...
Quando os maçons contemporâneos, a esquerda contemporânea, os liberais,
os políticos corruptos ou certos activistas falam de «família», temos de ter
presente que provavelmente estarão a falar de outra coisa que não a
família natural... Assistimos normalmente à manipulação de palavras e a uma
série de truques de retórica a que temos de estar atentos, identificar e
combater, que se escondem em cada uma das referidas disciplinas.
Tudo começou pela destruição do pudor
A destruição do pudor, de forma programada, começou há muito nos meios
de comunicação. Primeiro foram as «ousadias», depois a «ausência de tabus»,
depois o incitamento ao «amor livre», e acaba-se no incitamento
ao adultério e à homossexualidade. Os proprietários, directores, produtores e
jornalistas desses meios de comunicação transformaram-se em autênticos marchands
porno. Aquilo que, num canal de televisão, se revelava com sucesso entre a
populaça por ser mais despudorado era de seguida imitado e ultrapassado pela
concorrência. E assim sucessivamente, na disputa galopante de audiências e
leitores.
As televisões apuraram-se nesta actividade mercantil através de
programas de entretenimento, de programas «intelectuais» de suposta análise da
sociedade (com sociólogos, sexólogos, psicólogos e psiquiatras), e acabaram em
exemplos práticos de decadência moral nas suas telenovelas, que hoje contém
todos esses ingredientes.
As revistas cor-de-rosa ou de mulheres, umas mais populares, outras
pretensamente mais «intelectuais» e dirigidas às classes médias, seguem
exactamente os mesmos passos das televisões. O mesmo sucede com as
revistas semanais, onde o psiquiatra António Gameiro, na Revista do Expresso do
Balsemão, se tornou um especialista com o seu «Pequeno Manual da
Infidelidade Conjugal».
Esta intoxicação acabou por atingir largos sectores da sociedade,
conduzindo a uma permissividade e «normalidade moral» realmente amoral. E quem
denunciar a situação é acusado de «medieval» pela progressista gentalha.
A invenção do conceito de «novas formas de família»
Uma das últimas invenções da sociologia e antropologia decadentes para
ataque à família, a família natural — única forma de família que existe —, é a
grande mentira a que chamam «novas formas de família». Tal conceito
serve simplesmente para dar cobertura moral e jurídica às relações contra
natura entre invertidos e entre lésbicas.
Quando do centenário da implantação da república, o então Grão-Mestre do
Grande Oriente Lusitano, António Reis, que fazia parte da comissão das
comemorações, fez questão de assinalar o acontecimento com a adopção do chamado
«casamento» contra natura entre indivíduos do mesmo sexo. E
Sócrates, o seu PS e outros dos diversos partidos, incluindo alguns da suposta
direita, obedeceram à directiva da maçonaria e passaram essas aberrações para a
ordem jurídica.
A maçonaria irregular está envolvida neste processo até à raiz dos
cabelos, enquanto a regular, pela confusão ideológica e moral que a sua igual
doutrina subjectivista semeia, também não está isenta de culpas.
A invenção da «ideologia do género»
A «ideologia do género» é uma invenção de invertidos simplesmente para
lavar moralmente as práticas homossexuais e incentivar o
homossexualismo. Trata-se de uma grosseira falsificação na área da antropologia
e da biologia, em que uns são «’cientistas’ em causa própria» e outros são
cobardes que não têm coragem para opor-se aos activistas do gangue.
A «ideologia do género» consiste numa ridícula falsificação
antropológica e biológica segundo a qual o indivíduo nasce com «género»
(baseado na anatomia), mas sem sexo definido. Segundo estes falsificadores
ultra-rousseaunistas, a «orientação sexual» seria coisa à parte, «imposta
pelo meio social» (portanto ser macho ou fêmea seria produto da
ditadura da sociedade...). E por conseguinte cada indivíduo poderia
recusar essa «imposição social» (não condição biológica...)
e heroicamente escolher a sua «orientação sexual», isto é,
homossexualidade ou heterossexualidade — aqui sem qualquer heroísmo. Ou
seja, o sexo não é coisa com que se nasça mas sim uma coisa que pode ser
(re?)programada.
E assim se transforma em «normalidade» e «ciência» antropológica e
biológica uma doença do sistema nervoso central. Mais concretamente, do
hipotálamo, doença da qual resulta uma perturbação no sistema endócrino e daí
no comportamento sexual, que se torna anormal. Doença psiquiátrica, de origem
somática, que, segundo os falsificadores, já não é doença e passa a ser
«variante» da normalidade...
A compaixão que devemos ter em relação a um doente discreto e sofredor e
a ajuda que lhe devemos prestar não se devem aplicar aos activistas antifamília
e anti-sociais, arrogantes, ditadores e provocadores. Estes merecem todo o
nosso repúdio. Mais do que repúdio, pelo verdadeiro crime que constitui o
incitamento de crianças à homossexualidade, deveriam encontrar-se sob a alçada
do Código Penal.
A gestão antifamília do problema da violência doméstica
A violência doméstica é um problema real, que assume por vezes aspectos
dramáticos. Contudo, sendo gerido por feministas, por políticos e jornalistas
antifamília ou cobardes, o problema é deformado e aproveitado para atacarem a
família.
A primeira grande questão é saber o que é violência doméstica.
Se é verdade que existem casos patológicos de violentos — e também de
violentas —, que devem ser criminalizados, também é verdade que as feministas,
como ministras da pasta, tendem a alargar o conceito de violência doméstica até
ao absurdo. Para estas traumatizadas, a ordem doméstica já é em si violência
doméstica... As feministas transportam todas as suas frustrações para a questão
e utilizam o poder que lhes é conferido pelos meios de comunicação e pelos
políticos para libertar toda a sua androfobia, não raras vezes sinónimo de
lesbianismo.
Em relação à violência doméstica real, em primeiro lugar, há que
procurar as suas causas.
Como se explicará que pessoas normalmente pacíficas entrem em processos
de violência? É simples de compreender se se considerar que qualquer ser humano
normal projecta construir uma família, ter filhos, viver em paz no seu lar. E o
que se passará na cabeça dessa pessoa normal e pacífica se esse seu projecto,
já iniciado e com filhos — sangue do seu sangue —, é ameaçado ou
destruído pela libertinagem ensinada nas telenovelas? Que se passará na cabeça
dessa pessoa normal e pacífica quando vê os seus filhos serem-lhe subtraídos
para ficarem sob a tutela de um estranho?
Assim se compreendem tantos crimes passionais. Perante a força dos
instintos em desespero, em defesa do seu território, de nada valerá invocar a
razão e a calma.
Ora bem. Os e as progressistas, tão dados a invocar a influência do meio
no comportamento individual, tão dados a valorizar os impulsos dos instintos,
aí têm uma ocasião própria para fazê-lo: valorizem o instinto da conservação da
espécie.
E como se banalizou a libertinagem e a desordem na família senão através
do vírus feminista e marchands porno? Lá vamos nós parar aos
verdadeiros responsáveis pelos dramas de violência que ocorrem hoje em muitos
lares e pela irremediável e «pacífica» destruição de muitos mais.
O Estado contra a autoridade dos pais na educação dos filhos
Outro meio de ataque à família é a proibição pelo Estado dos pais
exercerem a sua autoridade natural para educarem os filhos aplicando castigos
quando necessário. Em nome da chamada «protecção da criança», os pais e
professores estão simplesmente proibidos de dar um tabefe a um filho ou aluno
mal comportado. Só podem chamar à razão o... irracional. O pequeno terrorista
pode impunemente partir a loiça, desobedecer, insultar, não estudar, perturbar
as aulas. Qualquer tentativa firme de pará-lo com aquela única linguagem que
ele percebe é... ilegal.
As televisões são inundadas por pedagogos e psicólogos de má fé ou
lunáticos das «novas pedagogias», onde impera a utopia e a permissividade.
O psiquiatra Daniel Sampaio é uma espécie de papa destas teorias da
permissividade.
O chamado «Instituto de Apoio
à Criança», de Manuela Eanes, criado, promovido e financiado durante o mandato
politico-militar do esposo, foi e é um dos grandes propagandistas deste modelo
permissivo de «educação» e de perseguição dos pais que não abdicam de realmente
educarem os seus filhos.
Laborinho Lúcio, enquanto
Ministro da Justiça de Cavaco, foi o grande percursor da cobertura jurídica de
todas estas anormalidades. Um ministro da justiça do Bloco de Esquerda não
faria melhor do que Laborinho Lúcio.
Afinal, a «protecção da criança» por essa gente resulta na sua
deseducação. A prova provada é o que hoje se vê nas escolas, a todos os níveis
de ensino, onde o ambiente é simplesmente de selva.
Nos meios de comunicação, os casos de violação de crianças
são frequentemente catalogados como acontecendo «no seio da
família», quando na realidade, na quase totalidade das vezes, o violador é
simplesmente alguém estranho à família que mantém uma relação com a mãe da
criança. O objectivo desta desinformação, como se torna evidente, é criar a
ideia de que a família não é um lugar seguro para as crianças, pretendendo
assim justificar, como veremos, a intervenção abusiva do Estado na família.
A manipulação de crianças na escola e nos meios de comunicação pela
contracultura
Assistimos igualmente ao
ataque aos valores da família nos programas escolares, nos meios de
comunicação, especialmente nas televisões. Faz-se a apologia da insubordinação
contra os pais, da imoralidade, da irresponsabilidade. Tornou-se comum a
utilização sistematizada da escola como veículo de propaganda do despudor e do
homossexualismo, adoptando nos programas uma série de ideologias antinaturais e
antifamília, como o naturalismo, o amoralismo, a «ideologia
do género» — e, quando convém, o seu contrário, o biologismo —, o
culto do jovem, a liberdade anarquista, etc.
Todas estas falsas
doutrinas encontram-se às claras ou camufladas em vários conteúdos, desde
programas de entretenimento aos manuais escolares, passando por festivais
musicais ou anúncios publicitários. Ao impor na escola estas anormalidades contra
natura, o gangue antifamília, especialmente com os invertidos e seus
cúmplices da classe política, está a lançar uma enorme confusão na cabeça das crianças e a
atentar contra a sua identidade. Está realmente a cometer crime.
O roubo de crianças aos pais e a sua entrega para adopção, incluindo a
invertidos
Os políticos inimigos da família já transportaram para o plano jurídico
todas estas anormalidades.
Aproveitando-se da existência de casos dramáticos que realmente
justificam uma intervenção, os políticos antifamília, recorrendo aos
sofismas «uma criança não é propriedade dos pais», «protecção da
criança» e «superiores interesses da criança», legislaram
no sentido de criar pretextos para roubar aos pais a tutela da criança e a sua
autoridade sobre ela e para passar o Estado a ser efectivamente o dono da
criança.
Quem pode definir as regras de educação dos filhos é o Estado.
Quem define o que são os «superiores interesses» dos filhos é o Estado.
E quem não preencher os mandamentos do Estado vê-se na contingência de
lhe serem roubados os filhos e entregues a uma instituição, privada ou da
Segurança Social, onde o Estado educa e cuida directamente da criança à sua
maneira ou encomenda o trabalho a fundações e associações com ele sintonizadas.
E quem é o Estado? São precisamente eles, os mesmos, os políticos
inimigos da família e seus executantes.
O cume deste atentado contra as crianças e a família é a sua entrega aos
chamados «casais» de invertidos. A adopção de crianças por esta espécie
é apoiada pela generalidade dos partidos da esquerda e por alguns membros
dos restantes, por sua vez comandados pela maçonaria, que destas causas
fracturantes faz ponto de honra. A lacrimosa «católica» Manuela Eanes, em
declaração do seu «Instituto de Apoio à Criança», teve o descaramento de
se pronunciar a favor deste crime.
Esta apropriação das crianças
pelo Estado só encontra paralelo no comunismo, no fascismo e muito
especialmente no nazismo. Pio XI, na sua encíclica Divini Illius
Magistri — Acerca da Educação Cristã da Juventude (1929),
denuncia frontalmente a apropriação das crianças pelo Estado fascista que o
cercava, definindo claramente o papel que cabe ao Estado e o papel que cabe à
família.
Mas este estado é
democrático — objecta o gangue. Mais uma vez, estamos perante a manipulação de
palavra: democracia serve para camuflar práticas que são o seu
contrário. Sob o pretexto do bem social, temos a prática fascista: é a reedição
«democrática» do social-fascismo.
O complexo social-industrial como aliado das centrais antifamília
Quem pense que se trata apenas de opção ideológica ou de vício sexual
desta gente engana-se redondamente. A sua «actividade social» alimenta-se de
uma indústria. É a indústria do social, num volumoso complexo envolvendo verbas
gigantescas e os mais variados interesses que nele se cruzam: é o complexo
social-industrial.
O complexo social-industrial proporciona milhares de empregos e
carreiras a gente que vegeta no mundo deste «trabalho» e para quem a existência
da desgraça é condição sine qua non para esses empregos e
carreiras. E quando não há desgraça, toca a inventá-la, como acontece por todo
o mundo. Porque a indústria do social precisa matéria-prima, isto é, de
vítimas.
Como vimos, nos temas
predilectos do complexo social-industrial encontramos a falsa «protecção de
crianças» em falsos casos de maus tratos. E também a actividade da
«protecção de mulheres» em falsos casos de violência doméstica. Este complexo
industrial é sem dúvida o mais pernicioso para a Civilização e para a
humanidade. Muito mais pernicioso do que a poluição atmosférica porque estamos
a falar da poluição dos espíritos, da destruição da família, do desequilíbrio
das crianças e adultos, de ecologia humana.
Lamentavelmente, muitas
supostas autoridades morais estão mais preocupadas com o CO2 e as garrafas PET
do que com a destruição da Civilização e da família pela contracultura.