quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Comunicado da Confederação Nacional
das Associações de Família

A CNAF MANIFESTA A SUA ENORME PREOCUPAÇÃO
QUANTO AOS EFEITOS DAS MEDIDAS DE AUSTERIDADE
SOBRE AS FAMÍLIAS MAIS CARENCIADAS
A propósito das medidas adicionais de austeridade, ontem divulgadas, num cenário de grave crise social, económica e financeira do País, e tendo presente o interesse primacial das famílias, em particular das mais carenciadas, a CNAF - Confederação Nacional das Associações de Família vem divulgar a seguinte posição:
1. A Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF) manifesta a sua veemente preocupação quanto aos efeitos das medidas de austeridade sobre a situação social, económica e financeira que assola o País, e as suas Famílias mais carenciadas.
2. Desde logo, a CNAF não compreende como se pretende salvaguardar os riscos da execução orçamental até ao final do ano, antecipando-se, já para 2010, de entre as várias medidas anunciadas para 2011 a eliminação do aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1.º e 2.º escalões e a eliminação dos 4.º e 5.º escalões desta prestação.
3. Ou seja, quem tiver rendimentos brutos mensais superiores a 628 euros vai perder o direito ao abono de família já este ano.
4. Por outro lado, é com muita preocupação que se assiste à vontade do Governo em decretar, cegamente, um aumento em 2% da taxa do IVA, já elevada, que irá onerar consideravelmente os bens de consumo e a qualidade básica de vida das famílias mais desfavorecidas.
5. O Estado contribui para uma desagregação social de resultados incontroláveis (a que se somam os efeitos da crise económica e financeira) ao fomentar alterações legislativas “fracturantes” no sentido de atacar o valor social das Famílias, o seu desenvolvimento e promoção, em prol de realidades marginais caracterizadas pelo individualismo e que não acrescentam valor à sociedade, e ainda mais a fragilizam em tempos de crise como no presente.
6. A CNAF reclama, do Governo, o reforço dos apoios concedidos às famílias portuguesas, em particular as mais carenciadas, que têm aumentado com a recessão em curso.
7. De acordo com o artigo 67.º da nossa Constituição, “A família, como elemento fundamental da sociedade, tem direito à protecção da sociedade e do Estado e à efectivação de todas as condições que permitam a realização pessoal dos seus membros” (n.º 1), incumbindo, designadamente, ao Estado para protecção da família: “promover a independência social e económica dos agregados familiares” e “regular os impostos e os benefícios sociais, de harmonia com os encargos familiares” (n.º 2).
8. Desde logo, a actuação política deve ser organizada segundo uma ideia nuclear – a centralidade da família na sociedade – sendo o conteúdo mínimo exigível, o seu mínimo denominador comum, e que deverá ser este rapidamente adquirido, através da neutralidade do sistema relativamente á situação familiar, de tal forma que ninguém seja negativamente discriminado pelo facto da sua pertença a uma família.
9. Ainda de acordo com o artigo 67.º n.º 2 alínea g) da Constituição, incumbe ao Estado, para protecção da família, “Definir, ouvidas as associações representativas das famílias, e executar uma política de família com carácter global e integrado”.
10. A liberdade de constituição de família não deverá dispensar o Estado do cumprimento das suas obrigações, nem as associações representativas (como é o caso da CNAF) do acompanhamento atento e criterioso das condições de vida das famílias.
A Confederação Nacional das Associações de Família, vigilante e actuante, como desde sempre, na defesa dos interesses das famílias portuguesas, reitera a sua preocupação nesta situação de crise grave e apela à mobilização das Famílias na defesa e promoção dos seus direitos e responsabilidades.
Lisboa, 1 de Outubro de 2010
A Direcção Nacional

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A doença do século e as novas ditaduras

“Fazer para ter, ter para consumir mais,
conseguir mais para aparentar uma imagem melhor.”

Livro: Agonia do homem libertário

Autor: Aquilino Lorente

Em plena época de crise, somos autenticamente bombardeados pela imprensa que informa sobre as dificuldades dos países em manter as suas economias e mostrar as diferenças cada vez maiores entre os ricos e os pobres. Muito se fala sobre tudo isto, mas poucos dizem que isto é resultado da doença do século: O consumismo e as suas consequências que tem como resultado novas ditaduras.
Hoje irei falar de três delas.

1-A ditadura da beleza onde as mulheres são transformadas em objectos que desfilam em roupa que ninguém vê ou compra e tentam servir de modelo (modelo que na realidade não o é, porque não vejo na rua ninguém parecido com essas pessoas). São milhões de pessoas que, mais tarde ou mais cedo, ficam reféns por não serem iguais (só se passarem fome e tiverem bons patrocinadores) e amordaçam a sua liberdade, matam o seu bem-estar e destroem a sua auto-estima por não se aceitarem tal como são.
Cada vez me convenço mais de que em nome do lixo que anda por aí em alguma comunicação social as pessoas trocam a sua felicidade pelo esforço de tentarem ser “belas exteriormente”, não percebendo que devemos amarmo-nos tal como somos.

2 - A ditadura Ligth é mais uma palavra maldita, hoje em dia politicamente correcta, utilizada com a intenção de vender produtos de menor valor energético e que tem como objectivo atingir uma boa linha. Esses produtos estão por todo o lado: nas colas, nas manteigas, nos queijos, no café sem cafeína ou até na cerveja sem álcool.
Hoje em dia o Homem é um ser transfigurado, que procura cada vez mais mostrar o ter e nem sequer se preocupa com o ser…sim, tal como os produtos LIGHT!
Para o homem que se deixa conduzir pelo consumismo e pela publicidade massiva (que cria na maior parte das vezes falsas necessidades) o que importa é mostrar aos outros que se tem um estatuto, mas na verdade, na maior parte dos casos, interiormente evidencia-se uma debilidade, uma fraqueza e uma carência extremas, bem como a existência de um grande vazio moral, mesmo que materialmente possam ter quase tudo.

3- A ditadura do Relativismo Absoluto, como muitas vezes criticada pelo Papa Bento XVI. Vemos um homem permissivo onde não há proibições nem limitações. Tudo é válido, tudo é permitido desde que traga satisfação. Qualquer análise que se faça é positiva e negativa, pode ser boa ou má, dependendo do seu ponto de vista. Desta intolerância interminável nasce a indiferença pura. A verdade deste tipo de pessoa é imposta pelo politicamente correcto em comportamentos onde não há princípios sólidos e nem referências, onde as fronteiras entre o bem e o mal, o positivo e o negativo foram apagadas.
Com certeza, tal como o amigo leitor, eu também tenho amigos com estas “doenças” e sempre que saio com alguns deles é lamentável assistir a comportamentos em que tudo é plástico: as compras, a beleza e as marcas, num autêntico esbanjamento para dar a ideia do triunfador, do 'heroizinho' que tem êxito, prestigio social e, sobretudo, dinheiro… muito dinheiro.

Estará tudo perdido?
Quero acreditar que não. Tem que se começar por dar primazia às pessoas e àquilo que elas são. Dar dignidade, viver liberto daquilo que materialmente temos e deixarmo-nos de preocupar com o que os outros pensam.
Perceber definidamente que a aposta tem que ser no interior e que não vale a pena ser como aqueles bolos todos bonitos por fora e que à primeira dentada notamos logo que não tem creme nenhum.
A vida é simples. Todos somos seres humanos especiais e únicos e temos um lugar insubstituível neste mundo, que tem que ser mais solidário, fraterno, menos consumista e principalmente mais humilde. Se assim for, estas novas prisões como estas novas ditaduras poderão acabar, já que na verdade as pessoas valem por aquilo que são e não por aquilo que aparentam ser ou possuir.

Cuidado com o som ao atravessar a rua!

A matemática da Securitas
e a «securitas» do consumidor

A Securitas enviou um prospecto de publicidade a potenciais clientes dos seus alarmes. Até aí, tudo bem. Mas esse prospecto não deixa de conter aquilo a que se chama publicidade enganosa. Vejamos.

Tendo disparado um dos seus maravilhosos alarmes instalado na casa do cliente, a Securitas promete responder «em menos de 60 segundos». E para que o potencial cliente caia mais facilmente, 60 segundos é impresso em gordo e a vermelho. Mas eis que a palavra segundos tem um asterisco para uma chamada em caracteres microscópicos, 13 linhas abaixo, indicando «Tempo médio estimado sujeito a variação».

Ora aqui reside a originalidade matemática da Securitas. Se a resposta é «em menos de 60 segundos», então 60 segundos seria um máximo. Mas depois, em letra microscópica, diz que os 60 segundos são uma média.

Afinal, é máximo ou média? Que matemática é esta?

Mas -- nunca se sabe --  há mais uma questão que pode ser uma casca de banana da Securitas: se o potencial cliente quer informações, é convidado a telefonar para um famigerado número iniciado por 707, isto é, daqueles que poderão cobrar valor muito maior e dão lucro a quem recebe, no caso à Securitas. E, como se sabe, nestes casos, aparece sempre do outro lado alguém com uma conversa muito delicodoce, com conversa oca, irrelevante, para a esticar o tempo da chamada…

Mas que grande «securitas» do consumidor!

(Qualitas)