Pedro Rainho, Jornal i, 11 Setembro 2013
Agrupamento de escolas reúne-se hoje para discutir caso e encontrar
soluções. Docente terá sido surpreendida por aluno durante gravação.
Uma professora do ensino primário do agrupamento de escolas
de Mértola terá gravado vídeos de teor sexual na
sala onde dá aulas a alunos entre os seis e os nove anos. As imagens
foram postas a circular na internet e entre os habitantes da região, deixando
as mães dos actuais alunos «chocadíssimas» com a situação. Ontem a direcção da escola foi confrontada com o caso
por uma das encarregadas de educação, mas optou por referir-se ao assunto como sendo da vida privada da docente. Os
pais dos alunos já apresentaram queixa na câmara municipal e no agrupamento de
escolas.
O caso já vinha sendo abordado há algumas semanas, de forma discreta,
entre os habitantes da pequena localidade onde a professora dá aulas e na
própria cidade alentejana de Mértola. Um dos vídeos – onde a docente se despe,
se exibe e se toca para a câmara num espaço identificado pelos pais como o da
sala de aula das crianças – foi visto por mães, colegas e habitantes.
Ontem, na habitual reunião de abertura do ano lectivo, o assunto foi
oficialmente posto em cima da mesa. Na sala estavam a professora em causa, duas
outras professoras em representação da direcção da escola, uma vereadora da
autarquia e cerca de seis encarregados de educação. Uma das mães mostrou um
outro vídeo – que não o da sala de aula, porque esse foi entretanto bloqueado
pelos administradores da página com conteúdos para adultos –, mas a direcção limitou-se a dizer que não havia razões para
se abordar o assunto porque se tratava de matéria da «vida privada» da
professora.
Uma das primeiras pessoas que tiveram acesso às imagens disse ao i
que a docente fazia «vídeos para venda em sites pornográficos» nos intervalos
das aulas e fora do período lectivo, mas um dos alunos terá, pelo menos por uma
ocasião, surpreendido a professora nas gravações, durante as quais recebia
dinheiro em troco de poses e actuações para a câmara, para que era paga em
função daquilo que aceitasse apresentar.
Ainda hoje, os responsáveis do agrupamento deverão reunir-se para
discutir este assunto, depois de na Segunda-Feira ter chegado à Câmara de
Mértola uma denúncia assinada por vários pais. Na autarquia, segundo disse ao i
fonte que acompanhou o processo, o sentimento era de «nojo e repugnância» em
relação a este caso.
Contactada pelo i, a professora negou sempre qualquer
participação nas gravações, atribuindo a situação a casos de «inveja» na
localidade. «Nunca fiz isto numa sala de aulas, é uma montagem. As pessoas
viram um vídeo em que posso não ser, não sou eu – é
uma sósia minha – e começaram a difamar-me. Tenho tido uma vida sempre
íntegra e sempre muito correcta e agora vêm difamar-me por causa disto», acusou
a docente, avisando já ter contactado a Polícia Judiciária (PJ).
A advogada que representa a
docente contactou o i dizendo que a PJ teria «em
curso uma investigação para saber a origem do vídeo» e com uma exigência: «Estou
a ligar-lhe para que não publique esta história», disse Maria Manuel Sebastião.