sábado, 27 de fevereiro de 2016


Aprender a ser mãe


Inês Teotónio Pereira

Ao fim de anos a gritar ou a impor castigos por causa das notas, dos quartos desarrumados, das lutas e discussões, das mentirinhas e das desobediências, reformei-me.

Ao fim de 15 anos como mãe, de centenas de textos escritos sobre o assunto e de milhares de textos lidos sobre o assunto, cheguei a uma triste conclusão: sei muito pouco sobre o assunto. Ao fim deste tempo todo constato que repito os mesmos erros, mantenho as mesmas esperanças e tenho as mesmas angústias que tinha quando só tinha um filho e quando esse meu filho tinha meses. Na verdade, não cresci. Eles é que cresceram.

E ainda bem. Aprendi, no entanto, muitas coisas – embora nenhuma delas me tenha ensinado a ser melhor mãe (se é que há melhores mães ou pais). Aprendi que eles nascem com determinadas características que são só deles e que não há educação (boa ou má) que as possa alterar. E aprendi que educar não é construir ou destruir caracteres, personalidades, gostos ou crenças, mas sim moldar cada uma destas coisas. Ora, esta minha aprendizagem teve como consequência que hoje sou uma mãe muito menos mãe dentro do género mãe-galinha. Ou seja, poucas coisas me angustiam.

Ao fim de anos a gritar ou a impor castigos por causa das notas, dos quartos desarrumados, das lutas e discussões, das mentirinhas e das desobediências, reformei-me. Agora é preciso muito mais do que uma negativa ou um vidro partido com uma bola para me alterar a disposição. A minha disposição atingiu o ponto ansiolítico óptimo e as suas variações não são dignas de registo. Percebi, depois de muita energia gasta, que a maioria das batalhas estão perdidas e que a «Música no Coração» é mesmo um filme.

Há coisas que, obviamente, ainda me irritam, e os gritos não cessaram, mas são tudo coisas pouco importantes. Por exemplo, irrito-me quando eles não penduram as toalhas molhadas, não arrumam as canecas que sujam, deixam roupa espalhada no chão, etc. Coisas práticas, portanto. Também me irrito quando eles abrem coisas sem autorização, como latas de salsichas, pacotes de bolachas, Nutella, etc. Não sei porque é que me irrito com isto, acho que é um hábito. Mas são só estas. Irritam-me coisas que me dizem respeito, a mim e não a eles, e todas elas por desafiarem um saudável convívio comunitário. As minhas manias, vá. Nada de estrutural, pedagógico ou educacional, portanto.

Finalmente aprendi a sobreviver como mãe e deixei de me preocupar em ser supermãe. Abandonei o projecto megalómano de construir pessoas como se estivesse a construir legos. Percebi que ser mãe é aceitar que há quem nasça desarrumado e quem nasça arrumado, quem seja organizado e quem não seja, quem goste de desporto e quem não goste, quem seja vaidoso e quem não seja, e quem seja ambicioso e quem não seja. E que contra isso não há quase nada a fazer.

Os meus filhos continuam teimosamente a ter as mesmas características que tinham quando eram mais pequeninos e não há força da natureza que os altere. Nem eu, ou muito menos eu. Aprender a ser mãe, aprendi eu, é aprender a viver com os nossos filhos sejam eles como forem. E fazer tudo para que saibam construir a sua autonomia, confiança e felicidade. Como? Não sei. Sei apenas que não vale a pena chatearmo-nos nem metade daquilo que nos chateamos. É que nem eles são bonecos nem nós somos Deus.





quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016


A Eslovénia recusa em referendo

o chamado «casamento» entre invertidos


Luís Dufaur

Em Dezembro de 2015, a Eslovénia recusou em referendo a lei que pretendia permitir o «casamento» entre invertidos, noticiou o jornal francês Le Monde.

O referendo foi de iniciativa popular e os eleitores eslovenos rejeitaram a lei, aprovada pelos deputados há dez meses. A maioria vencedora atingiu 63,12% dos votos.

A participação no escrutínio foi fraca (35,65%), mas legalmente suficiente para validar a votação. Os defensores da família natural conseguiram o apoio de pelo menos 370 000 eleitores. Eram necessários 342 000 votos para vetar a lei.

Esta tinha sido aprovada por larga maioria dos deputados do Parlamento, constituída por partidos de esquerda e engrossada pelos representantes do partido centrista que, como é de praxe nessas formações de meio termo, no momento decisivo traem o seu «centrismo», a sua «moderação» ou a «equidistância» e aliam-se à esquerda.

A Eslovénia votou NÃO ao «casamento invertido»
e à adopção de crianças por esses «casais».

O partido centrista é o mesmo do primeiro-ministro Miro Cerar e tinha à sua disposição as alavancas do poder do Estado.

O texto legal, hoje despojado de valor, concedia aos casais invertidos e lésbicos os mesmo direitos dos casais heterossexuais bem constituídos, inclusive o direito de adopção de crianças, um dos pontos mais contestados pela população.

O referendo pôde ser realizado graças às 40 mil assinaturas recolhidas por grupos pela vida pedindo a convocação de uma consulta de iniciativa popular com poder de veto.

A lei não entrou em vigor antes do veredicto popular e hoje encontra-se revogada.

Santuário e castelo de Bled na Eslovénia

Em 2012, numa consulta similar, os eslovenos já tinham dito «não» ao «casamento» sodomítico com uma maioria de 55%.

O país tem dois milhões de habitantes, pertence à União Europeia desde 2004 e é considerado o mais liberal das antigas nações que sofreram a imoral opressão comunista.

Contudo a lei antinatural acabou por ser rejeitada, facto que pressagia recusas análogas ou mais truculentas noutros países eslavos libertados da tirania soviética.