sábado, 15 de abril de 2017

O feitiço que se volta contra o feiticeiro



Jurandir Dias, Instituto Plínio Corrêa de Oliveira, 13 de Abril de 2017

A empresa americana Target tornou-se alvo, literalmente, de uma saraivada de críticas nos medias sociais após divulgar num blog, em Abril de 2016, um anúncio favorável à ideologia de género. Líderes da American Family Association (AFA) promoveram um boicote à empresa através de um abaixo assinado com mais de 1,4 milhões de assinaturas. Também foi criado a hashtag #BoycottTarget onde milhares de pessoas se manifestaram.

O anúncio da empresa dizia: «Nós convidamos os funcionários transgéneros e clientes a usar casas de banho ou vestiários que correspondam à sua identidade de género».

«A política de Target é exactamente como os predadores sexuais têm acesso às suas vítimas», disse o presidente da AFA, Tim Wildmon, numa carta aberta. «Isso significa que um homem pode simplesmente dizer hoje que se sente como uma mulher e entrar nas casas de banho das mulheres… mesmo que meninas ou mulheres já estejam lá.»[i]

Wildmon insistiu para que as pessoas assinassem a promessa de boicote, observando que a política da empresa «representa um perigo para as esposas e filhas». Também pediu que as pessoas eventualmente lesadas se queixem contra a política da Target, tanto junto da Polícia assim como nas páginas do Facebook.

A campanha contra a Target, que favorece a ideologia de género, resultou na queda do valor das suas acções ao nível mais baixo desde 2014. O preço das acções da empresa e os seus ganhos nunca se recuperaram desde o anúncio em 2016. De facto, as perspectivas da empresa foram tão sombrias que, no início deste mês, a empresa fechou abruptamente alguns importantes projectos com os quais esperava recuperar o mercado retalhista. As vendas caíram quase 6% nos três trimestres após a publicação do post, comparado com o mesmo período do ano anterior. No total, os lucros cairam 43%, segundo o site Chicago Tribune.

O boicote custou à empresa milhões em vendas perdidas e despesas adicionais. Depois do anúncio, a empresa foi obrigada a gastar US$20 milhões na instalação de casas de banho individuais em todas as lojas.

«Isto é o que acontece quando você ignora uma parcela significativa dos seus clientes», observa o articulista Jim Hoft.

Apesar dos prejuízos, o CEO da Target, Brian Cornell, numa entrevista à CNBC, insiste: «Nós tomámos uma posição, e vamos continuar a abraçar a nossa crença de diversidade e inclusão».

Este caso da Target, com as suas consequências, faz-nos lembrar novamente o famoso ditado francês: «Chassez le naturel, il revient au galop.» (Cassai o natural, ele voltará a galope). Numa linguagem popular, dizemos que é o feitiço que se volta contra o feiticeiro.






sexta-feira, 14 de abril de 2017

Torremolinos: bar aberto


Pedro Afonso, Observador, 12 de Abril de 2017

Muitos pais têm perdido a autoridade sobre os seus filhos, e com frequência capitulam quando é necessário impor limites ou aplicar castigos. Ouço-os dizer, num tom resignado, que «agora é tudo assim».

O País ficou chocado com a notícia da expulsão de mais de um milhar de jovens devido a actos de vandalismo num hotel de Torremolinos, onde estavam hospedados. Mas o que é que pode explicar esta autêntica olimpíada de vandalismo e de destruição? Existem várias razões, mas talvez a mais importante seja a ausência de uma capacidade que os clássicos chamavam de temperança (do latim temperantia), mais recentemente designada por autocontrolo e que faz parte da «Inteligência emocional».

Quando não se possui autocontrolo são transferidos para o comportamento um conjunto de impulsos mais primitivos, entre os quais se encontram a busca do prazer imediato e a violência. Nestas idades o córtex pré-frontal ainda não atingiu a maturidade necessária para controlar de forma adequada os impulsos e as emoções provenientes da activação de outra estrutura nervosa chamada amígdala e que integra o sistema límbico. Mas este aspecto não serve por si só para tornar inimputáveis os jovens, nem tão-pouco para justificar o seu comportamento, serve apenas para reforçar a necessidade de se defender uma educação com uma componente normativa, de modo a serem transmitidas regras e um sentido de responsabilidade.

Neste contexto, é totalmente incompreensível que se organize uma viagem de finalistas com o «bar aberto», possibilitando o consumo de bebidas alcoólicas a menores de forma totalmente desregrada. Ora, nestas idades é o mesmo que dizer «podes beber até caíres para o lado», e muitas vezes caem mesmo para o lado sem darem por isso. Quando se bebe álcool o objectivo é fazê-lo de forma moderada, facilitando o convívio social, e não propriamente beber até atingir o coma alcoólico, como infelizmente acontece cada vez mais nestas idades.

Se o autodomínio é uma virtude, há muitos jovens que não conseguem desenvolver esta capacidade e levam esta limitação para a vida adulta, tornando-se pessoas imaturas, escravos dos próprios desejos, com grandes dificuldades de adaptação e com poucas probabilidades de sucesso na sua vida familiar, social e profissional.

Nas últimas décadas houve uma tendência para se implementar modelos educativos experimentais teóricos, como uma vertente demasiado desresponsabilizadora, totalmente dissociados da realidade psicobiológica humana. Os resultados estão à vista: casos crescentes de indisciplina, desautorização da figura do professor e uma desvalorização do ensino. A sociedade não melhorou, e este modelo acaba por contribuir para que muitos jovens perpetuem a sua adolescência na idade adulta, através de uma atitude perante a vida irrealista, governada pelos desejos, repleta de direitos e desprovida de deveres.

Talvez por isso, as expulsões de alunos das salas de aula, por razões disciplinares, continuem a ser demasiado frequentes nalgumas escolas. Há dias escutei um relato de uma professora que tinha expulso 15 dos 30 alunos da turma por indisciplina. Percebe-se que há um ambiente difícil. Estes casos fazem da actividade docente um exercício insuportável de paciência, comprometem a saúde psíquica dos professores, e originam uma tensão constante que nem o melhor dos ansiolíticos consegue atenuar. Estas situações de indisciplina revelam comportamentos anti-sociais que — embora num modelo de menor escala, e sem o efeito potenciador do álcool e das drogas —, acabam por replicar a situação de expulsão dos finalistas em Torremolinos.

Muitos pais têm perdido a autoridade sobre os seus filhos, e com frequência capitulam quando é necessário impor limites ou aplicar castigos perante comportamentos desviantes. Ouço-os dizer, num tom resignado, «agora é tudo assim», «todos os amigos consomem álcool e drogas», etc. Porém os limites e as repreensões também têm uma função pedagógica, ajudam a estruturar a personalidade, preparando os adolescentes para a vida adulta, já que na vida real todos nós somos confrontados com limites e consequências quando desrespeitamos determinadas regras e obrigações.

Os actos de vandalismo ocorridos em Espanha, cometidos provavelmente por um número restrito de jovens, acabaram por dar uma péssima imagem dos colegas, humilharam os pais e desprestigiaram o País. Afinal, o autocontrolo é uma virtude humana que deve ser ensinada e aprendida. Como disse Benjamin Franklin «A fúria tem sempre uma razão, mas raramente uma boa razão».





Como devem vestir-se as mulheres? A resposta de Trump, dos islamistas e das feministas


Raudha Athif

Pauline Mille, Reinformation.TV, 11 de Abril de 2017

En suggérant que nous les femmes portions des robes, Trump fait ricaner les féministes. Mais l’assassinat par des islamistes d’un mannequin des Maldives coupable de s'habiller à l'occidentale les laisse sans réponse. La pensée totalitaire est pleine de contradictions.

Rhauda Atif avait un visage étonnant, presque autant que l’Afghane aux yeux verts dont la photo a fait le tour du monde. Elle, venait des Maldives et elle exerçait à mi-temps le métier de mannequin international, elle avait posé pour la couverture du magazine Vogue en octobre 2016 pour un numéro qui se proposait de « célébrer la beauté dans la diversité ». Vaste programme, comme disait l’autre, au cœur du politiquement correct.

Coupable de s’habiller en jean, elle est tuée par des islamistes

Le reste du temps, elle était étudiante en médecine à l’Islami Bank Medical College de Rasjahi, à environ deux cent kilomètres de Dacca, au Bangladesh, où sa qualité de mannequin ne passait pas inaperçue. On l’y a retrouvée morte à la fin mars, dans l’hôtellerie réservée aux filles du collège, et les autorités avaient d’abord conclu au suicide, mais son père et son frère ont protesté et ont demandé une autopsie. Ils ont fait valoir trois éléments, elle était en pleine forme et joyeuse, ce que ses camarades confirment, elle s’était plainte qu’on ait « versé des somnifères dans son verre » quelque temps auparavant, et elle avait fait l’objet de remarques et de menaces de la part des islamistes pour sa façon de s’habiller « immodeste » et « non islamiste ». Sans doute acceptait-elle le « dress code » du collège enroulant autour de son cou et de ses cheveux le grand foulard islamique, mais elle portait des jeans quand elle n’était pas en cours. La police des Maldives s’est entremise auprès de son homologue de Rasjahi. Le commissaire bangladais Amin Hossain, adjoint au responsable des investigations, estime dans sa réponse qu’il « y a 50 % de chances qu’elle ne se soit pas suicidée », ce qui est une manière diplomatique d’accepter de faire droit à la requête du père.

Trump demande aux femmes de s’habiller en femmes

J’attendrai les résultats de l’enquête pour être affirmative, mais l’affaire Atif fait suite à d’autres cas de meurtres maquillés en suicide où sont impliqué des islamistes, elle remue le sous-continent indien où la presse lui consacre de gros titres. Pourtant, elle semble laisser complètement froides les féministes occidentales, dont l’objet social officiel est pourtant la cause des femmes.

Ces féministes semblent plus préoccupés par le « sexisme » allégué de Donald Trump. Le bombardement de la Syrie lui est compté comme un bon point mais elles ne lâchent rien sur sa façon d’être et de parler avec les femmes. Témoin un billet du magazine Elle, lui aussi très versé dans la beauté et la diversité, qui reproche au président américain de porter trop d’attention à « l’apparence physique des femmes ». Elle cite un anonyme qui a « participé à la campagne de Trump » et affirme : « Même si vous êtes en jean, vous devez être soignée ». Mon Dieu quelle horreur ! Un employeur qui demande à ses employées de ne pas s’habiller comme des souillons !

La réponse idéologique des féministes

La source ajoute : « Les femmes se sentent forcées de porter des robes pour impressionner Trump », parce que celui-ci aurait demandé à celles qui l’entourent de « s’habiller comme des femmes ». Ici gît le lièvre et se dévoile l’intention de Elle. Bien sûr, il s’agit pour les féministes de casser du Trump tous les jours au petit déjeuner, mais il y a plus, et plus précis. A la suite de ces déclarations, des dizaines de féministes américaines ont adressé à Trump des photos habillées en pilote de chasse, en chirurgien, etc. Une manière de montrer que les femmes savent tout faire, ce que chacun sait, et d’en profiter pour affirmer, par une imperceptible confusion qu’il n’existe pas de manière de « s’habiller comme des femmes ».

Or cela est absurde, les modes et les us changent, les Chinoises des classes populaires depuis très longtemps ne portent pas de robe dans leur vie quotidienne, les Occidentales tendent à s’habiller en jean, mais aucune d’entre nous ne se vêt comme un homme, nous tenons à nous habiller toutes « comme des femmes », même si nous n’entendons pas forcément la même chose que Donald Trump par là.

Allah, la liberté, la nature et Trump

Ce qu’Elle et les féministes espèrent imposer, par leur petite confusion volontaire, c’est la disparition des codes vestimentaires qui différentient dans toute société les hommes des femmes : dans leur négation névrotique d’une différence des genres liée au sexe, elles veulent en faire disparaître les manifestations vestimentaires. Sous couleur de s’en prendre à je ne sais quel machisme de Trump, c’est la différence naturelle des genres qu’elles visent. Elles refusent le droit aux femmes de s’habiller comme elles l’entendent, comme le font exactement aussi les islamistes. Pour les féministes comme pour les islamistes, les femmes doivent refléter par leur façon de s’habiller l’idéologie de ceux qui les regardent, c’est-à-dire eux-mêmes. Les uns l’exigent au nom d’Allah, les autres au nom d’une prétendue liberté qui n’est que la négation de la nature. Finalement, c’est peut-être la réponse de Trump la moins déraisonnable.