quinta-feira, 17 de dezembro de 2015


Natal — 2015



     É Natal! Já chove e faz muito frio
     nos lugares nevados das serras beirãs,
     nos agrestes campos que, de sol vazio,
     branqueiam geados nas frias manhãs…

     Lisboa, que acorda no seu burburinho
     de fins-de-semana em compras banais,
     recolhe o Natal, em cada cantinho,
     com presentes novos, quase sempre iguais…

     Já corre, nas ruas a chuva, em regatos,
     a chuva que molha um corpo estendido
     no nicho dum prédio, em becos pacatos,
     um corpo qualquer, qualquer sem-abrigo…

     Natal é NATAL, é quadra de amor,
     do ser solidário, de justiça e esperança…
     É Natal, p’lo tempo! Nasceu o Senhor,
     o Menino-Deus, como uma criança…

     Procuro na luz dos justos, a fé,
     nos sonhos da vida, um dia maior,
     na força do crer, em cada maré,
     na humanidade, um mundo melhor…

     Cada ano traz um Natal diferente
     às montras das lojas em sítios iguais,
     mas p’ra cada irmão, cada ser vivente,
     nascerá Jesus em outros natais?...


Maria de Fátima Mendonça, Dezembro de 2015





domingo, 13 de dezembro de 2015


Os lamentos de Nuno Crato

não chegam ao céu


Heduíno Gomes

Justino e Crato: evolução na continuidade.

Ainda o novo salvador da educação do governo de António Costa não tinha aquecido o lugar, já o ex-Ministro Nuno Crato filosofava no Público (12 de Dezembro de 2015) sobre o ensino, no bom estilo de Roberto Carneiro ou Velez Grilo. Coisa que não era o seu estilo e a que terá ganho o gosto na Avenida 5 de Outubro. Trata-se, apenas, de uma justificação para os resultados nulos da sua acção, tanto mais quanto as expectativas que tinha criado em algumas pessoas.

Crato deixou-nos no sistema de ensino a mesma dominante filosofia rousseauista, o mesmo pedagogismo paranóico, a mesma nomenclatura igualitarista e niveladora por baixo, os mesmos programas a condizer, os mesmos manuais escolares medíocres, a mesma indisciplina e permissividade nas escolas, a mesma fraude «generosa» na pseudo-avaliação, a mesma estupidez na colocação de professores, os mesmos dramas na vida dos professores, a mesma secundarização do ensino do Estado em termos de qualidade, o mesmo complexo pedagogico-industrial a mandar no ensino e a submeter o interesse nacional ao lucro e carreiras dos parasitas que o compõem — «especialistas» em «pedagogia», empresas editoras, sindicalistas do sector e outros de menor evidência.

Crato herdou um sistema de ensino medíocre e, volvidos 4 anos de maioria no parlamento, o sistema de ensino permaneceu igualmente medíocre. Outra coisa não seria de esperar dada a sua superficialidade na abordagem do problema. Não fez o que devia, ou porque é rolha, ou porque não sabia o quê e como.

Agora pode «filosofar» o que quiser. O que fica para a história é a sua nula acção. Foi mais um que por lá passou a encher o currículo.