quarta-feira, 30 de setembro de 2015


Família: do conceito à sua falsificação


Heduíno Gomes


Está na moda os políticos, até de esquerda e liberais de «direita», falarem na família.

Aquilo que, para a esquerda e liberais, era uma coisa «opressiva» deixou de sê-lo. O valor natural da família passou a andar também na boca da classe política de esquerda e liberal.  Passou para a boca, não para as acções positivas. É que essa classe política viu que a palavra rendia nas urnas. Passou então a utilizá-la mas esvaziando-a do seu conteúdo, desvirtuando o conceito.

Industriada pela ideologia subjectivista, relativista e permissiva maçónica, a classe política de esquerda e liberal adoptou então a ideologia dos chamados dos «novos valores» e das chamadas «novas formas de família», como se a família natural não fosse realmente a única forma de família e os valores éticos não fossem perenes e superiores às invenções do subjectivismo e do modernismo.

Ou seja, estamos perante um artifício da contracultura, uma descarada manipulação de linguagem, em que a palavra valores é abusivamente utilizada para designar contravalores e família para designar a sua negação.

Portanto, quando ouvimos falar de «família», temos de olhar o que o político ou o activista querem dizer com a palavra...


A preparação ideológica para a destruição da família

Se hoje a doutrina dominante e oficial sobre a família a colocou de rastos, isso não foi obra de um momento. Ao longo dos anos, os seus inimigos têm vindo a desenvolver paulatinamente uma acção de manipulação ideológica, de intoxicação, moldando os espíritos mais frágeis, mais influenciáveis. Essa acção de intoxicação tem vindo a ser incentivada na sombra pela maçonaria, mais radicalmente pela maçonaria irregular.

Esta investida contra a família e os seus valores, ao longo dos anos, tem vindo a ser desenvolvida nomeadamente através da RTP e depois das outras televisões. Nesta intoxicação tiveram especial responsabilidade Soares Louro, Carlos Cruz, Júlio Isidro, Maria Elisa, Manuel Falcão, Teresa Paixão, Balsemão, Emídio Rangel e tantos outros. E nem o mui católico Roberto Carneiro, na chamada «televisão da Igreja», está isento de culpas ao escolher para os seus quadros declarados inimigos da família e ao ter aprovado vários programas antifamília.

Aliás, não está isento Roberto Carneiro como não estão isentos os senhores bispos com responsabilidades no projecto que puseram tal competência doutrinal e financeira à cabeça desse canal e tinham obrigação de vigiar a prática do executante. Senhores bispos que, aliás — com uma ou outra conhecida e honrosa excepção —, «adaptando-se aos tempos», também não deram grandes passos para contrariar a tendência modernista que se acentuava na sociedade portuguesa. Pensa-se que a alguns até agradava.


Diversas formas de ataque à família

Os ataques à família processam-se quer frontalmente, nomeadamente com promoção do relativismo cultural, do liberalismo e da ideologia feminista, quer em áreas que para isso concorrem, nomeadamente nos planos da filosofia, da psicologia, da ética, da moral, da religião, da demografia, da política, da fiscalidade, do direito, da educação, da antropologia, da biologia, da própria história...

Quando os maçons contemporâneos, a esquerda contemporânea, os liberais, os políticos corruptos ou certos activistas falam de «família», temos de ter presente que provavelmente  estarão a falar de outra coisa que não a família natural... Assistimos normalmente à manipulação de palavras e a uma série de truques de retórica a que temos de estar atentos, identificar  e combater, que se escondem em cada uma das referidas disciplinas.


Tudo começou pela destruição do pudor

A destruição do pudor, de forma programada, começou há muito nos meios de comunicação. Primeiro foram as «ousadias», depois a «ausência de tabus», depois o incitamento ao «amor livre», e acaba-se no incitamento ao adultério e à homossexualidade. Os proprietários, directores, produtores e jornalistas desses meios de comunicação transformaram-se em autênticos marchands porno. Aquilo que, num canal de televisão, se revelava com sucesso entre a populaça por ser mais despudorado era de seguida imitado e ultrapassado pela concorrência. E assim sucessivamente, na disputa galopante de audiências e leitores.

As televisões apuraram-se nesta actividade mercantil através de programas de entretenimento, de programas «intelectuais» de suposta análise da sociedade (com sociólogos, sexólogos, psicólogos e psiquiatras), e acabaram em exemplos práticos de decadência moral nas suas telenovelas, que hoje contém todos esses ingredientes.

As revistas cor-de-rosa ou de mulheres, umas mais populares, outras pretensamente mais «intelectuais» e dirigidas às classes médias, seguem exactamente os mesmos passos das televisões. O mesmo sucede com as revistas semanais, onde o psiquiatra António Gameiro, na Revista do Expresso do Balsemão, se tornou um especialista com o seu «Pequeno Manual da Infidelidade Conjugal».

Esta intoxicação acabou por atingir largos sectores da sociedade, conduzindo a uma permissividade e «normalidade moral» realmente amoral. E quem denunciar a situação é acusado de «medieval» pela progressista gentalha.


A invenção do conceito de «novas formas de família»

Uma das últimas invenções da sociologia e antropologia decadentes para ataque à família, a família natural — única forma de família que existe —, é a grande mentira a que chamam «novas formas de família». Tal conceito serve simplesmente para dar cobertura moral e jurídica às relações contra natura entre invertidos e entre lésbicas.

Quando do centenário da implantação da república, o então Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, António Reis, que fazia parte da comissão das comemorações, fez questão de assinalar o acontecimento com a adopção do chamado «casamento» contra natura entre indivíduos do mesmo sexo. E Sócrates, o seu PS e outros dos diversos partidos, incluindo alguns da suposta direita, obedeceram à directiva da maçonaria e passaram essas aberrações para a ordem jurídica.

A maçonaria irregular está envolvida neste processo até à raiz dos cabelos, enquanto a regular, pela confusão ideológica e moral que a sua igual doutrina subjectivista semeia, também não está isenta de culpas.


A invenção da «ideologia do género»

A «ideologia do género» é uma invenção de invertidos simplesmente para lavar moralmente as práticas homossexuais e incentivar o homossexualismo. Trata-se de uma grosseira falsificação na área da antropologia e da biologia, em que uns são «’cientistas’ em causa própria» e outros são cobardes que não têm coragem para opor-se aos activistas do gangue.

A «ideologia do género» consiste numa ridícula falsificação antropológica e biológica segundo a qual o indivíduo nasce com «género» (baseado na anatomia), mas sem sexo definido. Segundo estes falsificadores ultra-rousseaunistas, a «orientação sexual» seria coisa à parte, «imposta pelo meio social» (portanto ser macho ou fêmea seria produto da ditadura da sociedade...). E por conseguinte cada indivíduo poderia recusar essa «imposição social» (não condição biológica...) e heroicamente escolher a sua «orientação sexual», isto é, homossexualidade ou heterossexualidade — aqui sem qualquer heroísmo. Ou seja, o sexo não é coisa com que se nasça mas sim uma coisa que pode ser (re?)programada.

E assim se transforma em «normalidade» e «ciência» antropológica e biológica uma doença do sistema nervoso central. Mais concretamente, do hipotálamo, doença da qual resulta uma perturbação no sistema endócrino e daí no comportamento sexual, que se torna anormal. Doença psiquiátrica, de origem somática, que, segundo os falsificadores, já não é doença e passa a ser «variante» da normalidade...

A compaixão que devemos ter em relação a um doente discreto e sofredor e a ajuda que lhe devemos prestar não se devem aplicar aos activistas antifamília e anti-sociais, arrogantes, ditadores e provocadores. Estes merecem todo o nosso repúdio. Mais do que repúdio, pelo verdadeiro crime que constitui o incitamento de crianças à homossexualidade, deveriam encontrar-se sob a alçada do Código Penal.


A gestão antifamília do problema da violência doméstica

A violência doméstica é um problema real, que assume por vezes aspectos dramáticos. Contudo, sendo gerido por feministas, por políticos e jornalistas antifamília ou cobardes, o problema é deformado e aproveitado para atacarem a família.

A primeira grande questão é saber o que é violência doméstica.

Se é verdade que existem casos patológicos de violentos — e também de violentas —, que devem ser criminalizados, também é verdade que as feministas, como ministras da pasta, tendem a alargar o conceito de violência doméstica até ao absurdo. Para estas traumatizadas, a ordem doméstica já é em si violência doméstica... As feministas transportam todas as suas frustrações para a questão e utilizam o poder que lhes é conferido pelos meios de comunicação e pelos políticos para libertar toda a sua androfobia, não raras vezes sinónimo de lesbianismo.

Em relação à violência doméstica real, em primeiro lugar, há que procurar as suas causas.

Como se explicará que pessoas normalmente pacíficas entrem em processos de violência? É simples de compreender se se considerar que qualquer ser humano normal projecta construir uma família, ter filhos, viver em paz no seu lar. E o que se passará na cabeça dessa pessoa normal e pacífica se esse seu projecto, já iniciado e com filhos — sangue do seu sangue —, é ameaçado ou destruído pela libertinagem ensinada nas telenovelas? Que se passará na cabeça dessa pessoa normal e pacífica quando vê os seus filhos serem-lhe subtraídos para ficarem sob a tutela de um estranho?

Assim se compreendem tantos crimes passionais. Perante a força dos instintos em desespero, em defesa do seu território, de nada valerá invocar a razão e a calma.

Ora bem. Os e as progressistas, tão dados a invocar a influência do meio no comportamento individual, tão dados a valorizar os impulsos dos instintos, aí têm uma ocasião própria para fazê-lo: valorizem o instinto da conservação da espécie.

E como se banalizou a libertinagem e a desordem na família senão através do vírus feminista e marchands porno? Lá vamos nós parar aos verdadeiros responsáveis pelos dramas de violência que ocorrem hoje em muitos lares e pela irremediável e «pacífica» destruição de muitos mais.


O Estado contra a autoridade dos pais na educação dos filhos

Outro meio de ataque à família é a proibição pelo Estado dos pais exercerem a sua autoridade natural para educarem os filhos aplicando castigos quando necessário. Em nome da chamada «protecção da criança», os pais e professores estão simplesmente proibidos de dar um tabefe a um filho ou aluno mal comportado. Só podem chamar à razão o... irracional. O pequeno terrorista pode impunemente partir a loiça, desobedecer, insultar, não estudar, perturbar as aulas. Qualquer tentativa firme de pará-lo com aquela única linguagem que ele percebe é... ilegal.

As televisões são inundadas por pedagogos e psicólogos de má fé ou lunáticos das «novas pedagogias», onde impera a utopia e a permissividade.

O psiquiatra Daniel Sampaio é uma espécie de papa destas teorias da permissividade.

O chamado «Instituto de Apoio à Criança», de Manuela Eanes, criado, promovido e financiado durante o mandato politico-militar do esposo, foi e é um dos grandes propagandistas deste modelo permissivo de «educação» e de perseguição dos pais que não abdicam de realmente educarem os seus filhos. 

Laborinho Lúcio, enquanto Ministro da Justiça de Cavaco, foi o grande percursor da cobertura jurídica de todas estas anormalidades. Um ministro da justiça do Bloco de Esquerda não faria melhor do que Laborinho Lúcio.

Afinal, a «protecção da criança» por essa gente resulta na sua deseducação. A prova provada é o que hoje se vê nas escolas, a todos os níveis de ensino, onde o ambiente é simplesmente de selva.

Nos meios de comunicação, os casos de violação de crianças são frequentemente catalogados como acontecendo «no seio da família», quando na realidade, na quase totalidade das vezes, o violador é simplesmente alguém estranho à família que mantém uma relação com a mãe da criança. O objectivo desta desinformação, como se torna evidente, é criar a ideia de que a família não é um lugar seguro para as crianças, pretendendo assim justificar, como veremos, a intervenção abusiva do Estado na família.


A manipulação de crianças na escola e nos meios de comunicação pela contracultura

Assistimos igualmente ao ataque aos valores da família nos programas escolares, nos meios de comunicação, especialmente nas televisões. Faz-se a apologia da insubordinação contra os pais, da imoralidade, da irresponsabilidade. Tornou-se comum a utilização sistematizada da escola como veículo de propaganda do despudor e do homossexualismo, adoptando nos programas uma série de ideologias antinaturais e antifamília, como o naturalismo, o amoralismo, a «ideologia do género» — e, quando convém, o seu contrário, o biologismo —, o culto do jovem, a liberdade anarquista, etc. 

Todas estas falsas doutrinas encontram-se às claras ou camufladas em vários conteúdos, desde programas de entretenimento aos manuais escolares, passando por festivais musicais ou anúncios publicitários. Ao impor na escola estas anormalidades contra natura, o gangue antifamília, especialmente com os invertidos e seus cúmplices da classe política, está a lançar uma enorme confusão na 
cabeça das crianças e a atentar contra a sua identidade. Está realmente a cometer crime.


O roubo de crianças aos pais e a sua entrega para adopção, incluindo a invertidos

Os políticos inimigos da família já transportaram para o plano jurídico todas estas anormalidades.

Aproveitando-se da existência de casos dramáticos que realmente justificam uma intervenção, os políticos antifamília, recorrendo aos sofismas «uma criança não é propriedade dos pais», «protecção da criança» «superiores interesses da criança», legislaram no sentido de criar pretextos para roubar aos pais a tutela da criança e a sua autoridade sobre ela e para passar o Estado a ser efectivamente o dono da criança.

Quem pode definir as regras de educação dos filhos é o Estado.

Quem define o que são os «superiores interesses» dos filhos é o Estado.

E quem não preencher os mandamentos do Estado vê-se na contingência de lhe serem roubados os filhos e entregues a uma instituição, privada ou da Segurança Social, onde o Estado educa e cuida directamente da criança à sua maneira ou encomenda o trabalho a fundações e associações com ele sintonizadas.

E quem é o Estado? São precisamente eles, os mesmos, os políticos inimigos da família e seus executantes.

O cume deste atentado contra as crianças e a família é a sua entrega aos chamados «casais» de invertidos. A adopção de crianças por esta espécie é apoiada pela generalidade dos partidos da esquerda e por alguns membros dos restantes, por sua vez comandados pela maçonaria, que destas causas fracturantes faz ponto de honra. A lacrimosa «católica» Manuela Eanes, em declaração do seu «Instituto de Apoio à Criança», teve o descaramento de se pronunciar a favor deste crime.

Esta apropriação das crianças pelo Estado só encontra paralelo no comunismo, no fascismo e muito especialmente no nazismo. Pio XI, na sua encíclica Divini Illius Magistri   — Acerca da Educação Cristã da Juventude (1929), denuncia frontalmente a apropriação das crianças pelo Estado fascista que o cercava, definindo claramente o papel que cabe ao Estado e o papel que cabe à família.

Mas este estado é democrático
 — objecta o gangue. Mais uma vez, estamos perante a manipulação de palavra: democracia serve para camuflar práticas que são o seu contrário. Sob o pretexto do bem social, temos a prática fascista: é a reedição «democrática» do social-fascismo.


O complexo social-industrial como aliado das centrais antifamília

Quem pense que se trata apenas de opção ideológica ou de vício sexual desta gente engana-se redondamente. A sua «actividade social» alimenta-se de uma indústria. É a indústria do social, num volumoso complexo envolvendo verbas gigantescas e os mais variados interesses que nele se cruzam: é o complexo social-industrial.

O complexo social-industrial proporciona milhares de empregos e carreiras a gente que vegeta no mundo deste «trabalho» e para quem a existência da desgraça é condição sine qua non para esses empregos e carreiras. E quando não há desgraça, toca a inventá-la, como acontece por todo o mundo. Porque a indústria do social precisa matéria-prima, isto é, de vítimas.

Como vimos, nos temas predilectos do complexo social-industrial encontramos a falsa «protecção de crianças» em falsos casos de maus tratos. E também a actividade da «protecção de mulheres» em falsos casos de violência doméstica. Este complexo industrial é sem dúvida o mais pernicioso para a Civilização e para a humanidade. Muito mais pernicioso do que a poluição atmosférica porque estamos a falar da poluição dos espíritos, da destruição da família, do desequilíbrio das crianças e adultos, de ecologia humana. 

Lamentavelmente, muitas supostas autoridades morais estão mais preocupadas com o CO2 e as garrafas PET do que com a destruição da Civilização e da família pela contracultura.





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