Estar em casa com os filhos tornou-se um
preconceito comum com o aumento do desemprego, das dificuldades e das
restrições económicas.
Estar em casa antigamente, quando havia
ajudas e irmãos mais velhos e quintas e casas grandes de férias e fim de semana
era normal.
A mãe, tomava conta dos
filhos, o pai trabalhava.
Hoje, algumas as mães não trabalham não porque
não querem mas porque os pais trabalham demais.
É muito simples e tudo se
resume ao tempo e a equações.
Se o pai trabalhar até às dez da noite já não vê
os filhos, se a mãe trabalhar até às sete da tarde, vê-os duas horas. Este é um
cenário.
O outro cenário são dois pais a chegar muito
tarde e nenhum os vê e há alguém ou vários alguém que vão buscar, dão banho e
jantar e às vezes deitam.
O terceiro cenário é o do pai e da mãe que
chegam cedo.
Nenhum dos cenários é certo ou errado, é a vida.
Mas depois há aquele cenário em que a mãe está
em casa com os filhos mesmo que um dos filhos ou todos os filhos estejam na
escola. Então ela trata da casa e vai busca-los e fica com eles. E isto é o
resumo do dia apesar da sua complexidade.
E este é o único cenário vitima de preconceito.
Estar em casa é mal visto.
Este é o meu cenário.
Todos os dias ouço todo o tipo de coisas. Entre
essas coisas está a preocupação com o meu intelecto.
Posso estar a estupidificar, posso estar a ficar
menos interessante e interessada, as minhas conversas podem estar todas
centradas em filhos e fraldas e papas e o meu cérebro pode estar a ser pouco
estimulado.
No fundo, ser mãe pode estar a fazer de mim
burra.
Aceito que economicamente dois ordenados sejam
melhores que um. Aceito que quando bem medido, organizado e planificado
compense mais os dois pais trabalharem mesmo que para isso se tenha que
recorrer a terceiros e pagar aos terceiros.
Eu amo e eu cuido. Ensino a falar e contar. Dou
amor. Alimento. Visto e deito. Dou a mão para não caírem e trato das doenças.
Dou mimo e segurança. Dou colo. Educo. Zango-me. Castigo. Ando pelo chão e
mascaro-me e tento cumprir expectativas.
Não mereço palmas e muito menos ordenado.
Mas não chamem a isto de ser mãe uma coisa
estúpida.
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