O Presidente do
Pontifício Conselho para a Família, Cardeal
Ennio Antonelli, no 30.º aniversário da encíclica Familiaris Consortio,
em Lisboa, defendeu «o direito» das crianças a um núcleo familiar «normal» e
refutou a equiparação do «matrimónio de um homem e uma mulher» com «outras
formas de convivência».
«A família normal fundada sobre o matrimónio é uma comunidade estável de
vida e de pertença recíproca», enquanto outros modelos se situam na «lógica do
indivíduo que pertence apenas a si mesmo e mantém com os outros só uma relação
contratual de intercâmbio», sustentou o purpurado na sua exposição na
capital.
Numa resposta a uma
pergunta colocada pela audiência na Aula Magna da Universidade de Lisboa, Dom
Antonelli declarou que «é necessário não
apenas olhar para os desejos dos adultos mas para os direitos das crianças»,
já que «os desejos nem sempre são direitos
mas o bem objectivo das crianças é um direito».
«O mal-estar e os deslizes juvenis aparecem associados, em medida muito
mais elevada às famílias desfeitas, incompletas e irregulares», afirmou na
conferência de abertura do encontro «A Família e o Direito Nos 30 Anos da
Exortação Apostólica 'Familiaris Consortio'».
O presidente do organismo
da Santa Sé lembrou que «em nome da não
discriminação, se reivindica o direito dos homossexuais a contrair matrimónio
ou pelo menos a equiparar em tudo a sua relação ao matrimónio». Esta
posição, disse Dom Antonelli, esquece «que
a justiça não consiste em dar a todos as mesmas coisas, mas em dar a cada um o
que lhe pertence, e que é injusto tratar de modo igual realidades diversas».
As «pesquisas sociológicas», frisou, demonstram
que, «percentualmente falando, os casados
são mais felizes que os solteiros, os conviventes e os separados».
O prelado referiu
que «a contestação mais forte contra a
Igreja diz respeito à ética sexual», porque «aos olhos de muitos» a doutrina católica «apresenta-se como inimiga da liberdade e da alegria de viver».
A «felicidade», no entanto, não se centra na
economia: o facto de se ter «uma família
normal conta mais que o lucro» e «a
falência do matrimónio faz sofrer mais que o desemprego».
A Igreja, contrapôs
o purpurado, «não rebaixa a sexualidade,
mas, integrando-a no amor de doação, exalta-a até fazer dela uma antecipação
das núpcias eternas». O cardeal acentuou que «o objectivo fundamental» dos católicos «deve ser a formação duma cultura e duma opinião pública favorável à
família».
Finalmente, o
arcebispo assinalou que «para sair da crise económica actual, todos se dão
conta de que há necessidade, por um lado, de inovação, investimentos e maior
produtividade e, por outro, de equilibrada alternância de gerações e,
consequentemente, taxa mais elevada de natalidade e melhor educação».
Noutro momento, em
declarações aos jornalistas, o cardeal italiano apelou a uma «séria preparação para o matrimónio», na
Igreja Católica, com um «itinerário, um
caminho prolongado, doutrinal e prático, de vida cristã» e disse esperar um
milhão de pessoas no encerramento do 7.º Encontro Mundial das Famílias, entre 1
e 3 de Junho, em Milão, com a presença de Bento XVI.
Sem comentários:
Enviar um comentário