terça-feira, 10 de março de 2015
A perspectiva cristã sobre o pai
O pai e o mundo moderno
Evelyn Mayer
«Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?» Mt 7,11
Quando nos interrogamos sobre o papel de pai no mundo moderno, as respostas que nos dão são as de que este papel mudou: hoje, o pai saiu do papel de «opressor, tirano e totalitário» para um baby-sitter moderno. Dezenas, diria até centenas de matérias, vídeos, reportagens e afins mostram – orgulhosos! – os homens que decidiram realizarem-se (cof!) no papel de «donos de casa». São tão generosos, tão homens-beto que, a fim de demonstrarem a sua sensibilidade à realização da esposa, ficam em casa e viram «Amélia».
Mal sabem estes pais (e mães) que colaboram absurda e ingenuamente para este programa ideológico e partidário feminista vigente nos nossos tempos. Com a ascensão do feminismo, colocar a mulher como dona de casa é mantê-la em submissão ao esposo. Ser submissa é viver sob a opressão machista. Qual a forma «lógica» em «oprimir» o homem, fazendo-o sentir física, emocional e socialmente o que as mulheres sentiram durante séculos? Predestiná-los ao serviço doméstico. E, assim, os filhos crescem sem compreenderem o que, de facto, representam pai e mãe na sociedade, bem como eles mesmos.
Quer dizer então, Evelyn, que você é contra o facto de homem fazer o trabalho doméstico? Não. O meu marido, por exemplo, ensinou-me a fazer grandes coisas acerca disso. Mas, depois de ter ensinado, renunciou, porque compreendeu que eu agora já sei… Entretanto, quando ele verifica que estou apressada e/ou sobrecarregada, prontifica-se em auxiliar-me sem que eu lhe peça. Quanto a isso, sou favorável. Contudo, jamais aceitaria que o meu esposo viesse a desempenhar o trabalho doméstico. E o motivo é simples: não foi para isso que ele foi criado. Os homens, por mais caprichosos que sejam (e o são!) não têm a delicadeza das esposas em pensar nos detalhes mínimos para a casa: enxoval, louça, decoração, flores... Evidenciar isso não é desmerecer os homens. Pelo contrário: é dizer que os homens têm papéis diferentes das mulheres. Do mesmo modo, não sou favorável que a mulher deva assumir uma profissão de auto-risco, que exija dela uma força descomunal apenas para provar que pode fazer tudo semelhante ao homem. Porque motivo? Competição?! Que absurdo! Qual a necessidade de perder toda a feminilidade para mostrar-se «tanto como» competente ao homem? Sendo o homem mais forte por natureza, que seja ele a fazer o que a natureza lhe incubiu. Enquanto isso, nós – mulheres – lhes satisfazemos e completamos com a doçura que nos cabe. E, desculpem-me as feministas, mas não encontro nisso machismo, mas sim, realidade. Verdade!
Numa sociedade como a nossa, é um facto que a mulher está praticamente impedida do trabalho doméstico. Com uma renda apertada, pouco tempo e/ou com condições para formar-se, o homem tem necessitado do apoio da sua companheira para que os filhos tenham comida à mesa. A mulher tem saído de casa mais do que deveria. Não acredito que isso seja culpa dela ou dele (somente), mas sim, de uma sociedade que se descristianizou. Retirando Deus do centro do universo, racionalizando todo e qualquer pensamento e paradigma (leia-se «tabu»), a nossa sociedade passou a ver cada ser humano como um ser «unissexualizado». Logo, homens e mulheres devem ter direitos e deveres como se, naturalmente falando, fossem iguais, o que não acontece.
Não é de hoje que a mulher trabalha para auxiliar o marido nas rendas da casa. A mulher citada em Provérbios 31, 10-31, mostra que, além de cuidar do marido e da casa, ela faz trabalhos artesanais para auxiliá-lo na renda. E a alegria desta mulher está em saber que o coração do seu marido a ela está confiado (cf. PV 31,11). E isso só foi possível porque esta é temente ao Senhor. Temer ao Senhor, algo quase que inexistente nos nossos dias.
Cabe a nós, cristãos, lembrar que neste dia dos pais devemos exaltar o real papel do homem na família: chefe. Devemos, como aqueles que desejam imitar Cristo, fazer valer o modelo de família que, antes, nos exortou Paulo: «as mulheres sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o chefe da Igreja, o seu corpo, da qual ele é o Salvador [...] Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do baptismo e pela palavra [...] Em resumo, o que importa é que cada um ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher respeite o seu marido.» (Efésios 5, 22-23; 25-26; 33).Ora, dar ao homem o papel de chefe não é dar-lhe o bastão de prepotente, mas de zelador. Note que Paulo compara a vocação de esposo à de Cristo, evidenciando quão duríssimo é ser esposo aquilo que espera o Senhor. Zelar pela esposa, santificá-la, fazer da sua casa um lar que bendiga ao Senhor (cf. Js 24, 15) é algo possível àquele que em Deus confia.
Cabe a nós, também, esposas, observar se não estamos «castrando» os nossos maridos. Com o advento feminista, muitas de nós procuramos tanto nos auto-realizarmos (como se o facto de sermos donas de casa, esposas e mães fosse um sacrilégio) que acabamos por impedir, e até mesmo castrar os nossos esposos. Não lhes damos mais o direito de advogar em nosso favor, não lhes pedimos conselhos tanto quanto deveríamos fazer, colocamos as nossas vontades e direitos acima das deles que estes acabam perdidos quanto ao seu papel neste núcleo familiar. Submissão não é viver à sombra, mas auxiliar os maridos que nos guiam para Deus. É fazer com que o marido brilhe e o brilho dele seja também o da mulher, que o apoia, que o consola e serve de suporte para toda a vida. Nenhuma mulher que faça valer o seu papel de esposa se sente triste, como pintam as «feminazis». Todas elas sabem que honrar o seu esposo é papel primordial no caminho da salvação. Sabem que, honrando os seus maridos, os seus filhos terão alegria ao ver que o pai é o reflexo de Deus, da esperança nas suas vidas.
Que São José, pai adoptivo de Jesus e benditíssimo esposo da Virgem Santíssima possa abençoar todos os pais neste dia. Que ele também ensine os homens e as mulheres do nosso tempo a viver o sagrado sacramento do matrimónio como nos ensinou São Paulo, pois é isto que de nós espera o Senhor.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário