Abel Matos Santos, Público,
2 de Fevereiro de 2016
É deplorável, quando estão em causa questões tão
cruciais para a família e as crianças, ter de assistir à passividade do centro
e da direita.
Chega de ser enganado! Estou cansado de ver mentir
sem pudor.
Nesta questão da confirmação parlamentar da lei
vetada pelo Presidente da República sobre a adopção por uniões do mesmo sexo,
sinto-me cansado, saturado, farto, ao ver o porta-voz do PS a faltar
descaradamente à verdade, afirmando que toda a comunidade científica e o mundo
inteiro são unânimes na ideia de que é igual para as crianças terem um pai e
uma mãe, ou só dois pais, ou só duas mães.
É particularmente chocante e reprovável a falta de
honestidade intelectual quando se convoca o testemunho da Ciência. É certo que,
infelizmente, a falsidade já se tornou moeda corrente na política; mas não
podemos deixar que essa mesma onda contamine a ciência ou a sua citação,
cavando o seu descrédito geral.
Percebo porque o povo se distancia do que considera
«políticos de pacotilha», ao ouvir-lhes falsidades e vê-los afirmarem todas as
inverdades possíveis sobre o tema, apenas para fazerem aprovar derivas
ideológicas, usando, neste caso, as crianças e desprezando o seu superior
interesse.
A lógica subjacente é apenas a do poder, o poder
circunstancial, e não a da razão, a serena e objectiva procura do que está
certo. Como a democracia é, formalmente, a aprovação das leis pela maioria, ou
seja pelo maior número de votos, mesmo que se aprovem coisas más, acreditam que
leis injustas, leis desajustadas ao bem da pessoa humana, estão «legitimadas
pela democracia».
Por isso, não hesitam diante de qualquer vulgar
técnica de propaganda, mesmo quando estão em causa valores humanos fundamentais
e até o bem de crianças desvalidas.
Seria mais correcto que afirmassem claramente
aquilo a que vêm: que é uma lei para defender os direitos e os interesses dos
homossexuais (ou melhor, da sua linha mais radical) e do lobby LGBTI.
Deviam também dizer, num assomo de seriedade, que é
certo que muitos homossexuais são contra esta lei, revelando e publicitando as
suas posições e os seus argumentos.
Deviam reconhecer que esta lei diminui os direitos
das crianças, em especial o direito natural a terem um pai e uma mãe.
Deviam ter a hombridade de reconhecer, noutro
assomo de seriedade, que os estudos e a comunidade científica não são de todo
unânimes e que, por sinal, os principais e mais credíveis estudos indicam que
esta lei vai permitir a pior opção quanto às crianças.
Tenham a simplicidade e a objectividade de dizer
tudo isto e, depois, em consciência, como agora se usa em política, votem!
Votem e aprovem esta lei, se é mesmo isto que
querem impor à sociedade e às crianças confiadas ao poder e aos serviços do
Estado (para que delas cuide efectivamente). Mas não confundam a opinião
pública, nem enganem os cidadãos menos informados, que não têm acesso aos
estudos.
E, por favor, não acusem o Presidente da República,
nem acusem o Mark Regnerus, o Paul Sullins, o Loren Marks, o Sarantakos, a
Kristin, o Nock, o Colégio Americano de Pediatras, e todos os demais clínicos e
investigadores com trabalhos publicados nas melhores academias e revistas
científicas, atacando-os e denegrindo-os só por provarem que existem diferenças
enormes, significativas, entre ser criado e viver com um pai e uma mãe e o
modelo que agora querem aprovar.
Não venham com os argumentos hipócritas de as
crianças estarem mal em instituições, porque não estão, desde que as
instituições sejam boas. Haverá sempre, infelizmente, crianças em instituições
– por isso, é fundamental que o Estado Social (ou também aqui querem destruir o
Estado Social?) assegure a existência dessas instituições pelo apoio à livre
iniciativa comunitária e garanta que sejam muito boas.
Não me venham também falar das capacidades dos
homossexuais cuidarem de crianças porque todos sabemos que não é isso que está
em causa – do que se trata é de impor a uma criança, dependente e desvalida,
que tenha dois pais (sem mãe) ou duas mães (sem pai).
Certo que é de amor que se trata. É que, quando se
ama, queremos o melhor para aqueles que amamos e não para nós próprios –
focamo-nos principalmente no outro e não nos centramos sobre o nosso ego.
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