segunda-feira, 3 de junho de 2013

Prós e Contras


P. Gonçalo Portocarrero de Almada

O «Prós e Contras» é um bom espectáculo. O último, sobre a co-adopção, até me lembrou o circo romano, onde os cristãos eram lançados às feras.

Hoje não é possível fazê-lo, não porque a dignidade humana ou a liberdade religiosa o impeçam, mas porque os sacrossantos direitos dos animais o não permitem: um católico é muito indigesto para os estômagos delicados dos bichos, que requerem alimentos mais ricos em proteínas. Aliás, já os inimigos das touradas o são em nome dessas bestas e não, como seria lógico, dos seres humanos que as enfrentam, às vezes com funestos resultados.

É bizarra a ideia de que um tema fracturante pode ser resolvido num duelo entre duas equipas, a favor e contra, no palco, contando cada uma com a sua ululante massa de apoiantes na plateia. Parece-se com os jogos de futebol e as respectivas claques, tipo «diabos vermelhos» e «dragões azuis», embora a bola seja uma ciência reservada aos profissionais, que a exercem em catedrais, onde são sagrados campeões. A vida, o casamento, a família, a adopção, etc., são temas menores, meros objectos da diversão televisiva.

Seguindo esta fórmula de sucesso, aqui ficam sugestões para novos programas: a criminalidade, com uma plateia composta por polícias e ladrões, separados por um cordão de guardas prisionais; a droga, dando metade dos lugares aos toxicodependentes, cuja experiência com alucinogénios é de grande interesse público; a democracia, a ser negada por um nacional-socialista e por um comunista, numa sala irmãmente partilhada por nazis e adeptos da ditadura do proletariado, de um lado, e democratas, do outro; e muitos mais, até porque the show must go on!

Ave, Fátima, morituri te salutant!





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