P. Gonçalo Portocarrero de Almada
O
«Prós e Contras» é um bom espectáculo. O último, sobre a co-adopção, até me
lembrou o circo romano, onde os cristãos eram lançados às feras.
Hoje
não é possível fazê-lo, não porque a dignidade humana ou a liberdade religiosa
o impeçam, mas porque os sacrossantos direitos dos animais o não permitem: um
católico é muito indigesto para os estômagos delicados dos bichos, que requerem
alimentos mais ricos em proteínas. Aliás, já os inimigos das touradas o são em
nome dessas bestas e não, como seria lógico, dos seres humanos que as
enfrentam, às vezes com funestos resultados.
É
bizarra a ideia de que um tema fracturante pode ser resolvido num duelo entre
duas equipas, a favor e contra, no palco, contando cada uma com a sua ululante
massa de apoiantes na plateia. Parece-se com os jogos de futebol e as
respectivas claques, tipo «diabos vermelhos» e «dragões azuis», embora a bola
seja uma ciência reservada aos profissionais, que a exercem em catedrais, onde
são sagrados campeões. A vida, o casamento, a família, a adopção, etc., são
temas menores, meros objectos da diversão televisiva.
Seguindo
esta fórmula de sucesso, aqui ficam sugestões para novos programas: a
criminalidade, com uma plateia composta por polícias e ladrões, separados por
um cordão de guardas prisionais; a droga, dando metade dos lugares aos
toxicodependentes, cuja experiência com alucinogénios é de grande interesse
público; a democracia, a ser negada por um nacional-socialista e por um
comunista, numa sala irmãmente partilhada por nazis e adeptos da ditadura do
proletariado, de um lado, e democratas, do outro; e muitos mais, até porque the
show must go on!
Ave,
Fátima, morituri te salutant!
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