segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Usurpações aterradoras

Nuno Serras Pereira

Cada vez tem havido mais casos vindos a público de roubos violentos, por parte do estado, de filhos a seus pais. Os tribunais conluiados com assistentes sociais arrogam-se o direito a um poder absoluto contra a família determinando se podem ou não ter filhos, e impondo ameaçadoramente o que têm que fazer para os evitar. Isto, tanto quanto sei, começou com o então chamado «rendimento mínimo garantido», o qual exigia que quem dele quisesse usufruir fosse obrigado ao uso contínuo da contracepção, mesmo a abortiva precoce. Esta brutalidade totalitária não incomodou os altos prelados que se desfizeram em elogios à introdução daquele sem atender a este monstruoso «detalhe».

Ontem foi noticiado por um semanário o mais clamoroso dos casos conhecidos. A coisa é medonha. Um juiz determinou a esterilização permanente de uma mãe em virtude da pobreza em que vivia com os filhos. Como ela felizmente, e ajuizadamente, não o fez e se atreveu a procriar mais, o tribunal determinou, para gáudio das assistentes sociais, que lhe fossem extorquidos sete dos dez filhos, deixando-a só com os mais velhos. A ferocidade controladora e predadora do estado, em nome do bem-estar material, da higiene e da pontualidade escolar, ignora friamente os vínculos familiares, os laços de amor filiais, maternos, paternos e fraternos, e em vez de colaborar com a sociedade civil e com as Instituições de solidariedade para melhorar as condições de vida desta sociedade natural, anterior ao estado, entretém-se sadicamente a escaqueirá-la. Por este andar tardará muito até assistirmos impávidos e serenos, como temos estado ao longo destes anos, a decisões judiciais que imponham aos pobres o aborto forçado? Aliás, se esta mãe tivesse abortado os sete filhos não a espoliariam de nenhum dos que restassem nem padeceria controlos das assistentes sociais nem poria o pé em qualquer tribunal. Seria, pelo contrário, apontada como uma progenitora responsável, inteiramente capaz de cuidar da família, enfim uma mulher exemplar. Esta mentalidade inoculada sistematicamente ao longo das últimas décadas pela APF, prodigamente protegida e subsidiada por todos os governos, continua coadjuvada pela introdução da ideologia do género (ver os dois primeiros parágrafos deste discurso de Bento XVI e a entrada ideologia do género no blogue Logos), desde 1995, a sê-lo maciçamente com a cooperação activa dos mesmos políticos germinados nesse caldo infeccioso e pestilento em que se transformaram os partidos que têm estado nos governos.

Baste para exemplo o encontro, no próximo 13 de Fevereiro, organizado e promovido pelo ministério dos negócios estrangeiros.

Eduardo Pinto da Silva (Divisão de Direitos Humanos – Human Rights Division – SPM – DGPE – Ministério dos Negócios Estrangeiros – Directorate-General for External Policy – Ministry of Foreign Affairs) numa mensagem e enviada para uma extensa lista de representantes e associações da sociedade civil escreve: «Tenho a honra de informar V. Exas que a Comissão Nacional para os Direitos Humanos (CNDH) se reunirá em formato alargado a representantes da sociedade civil no próximo dia 13 de fevereiro, às 9 horas e 30 minutos, no Auditório do Instituto de Defesa Nacional (Calçada das Necessidades, nº 5, Lisboa) … Na qualidade de Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos, o Senhor Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Europeus fará a abertura da reunião e dirigirá os respetivos trabalhos (ordem de trabalhos em anexo)».

O anexo da «comissão nacional para os direitos humanos» apresenta na sua ordem de trabalhos, entre mais uma ou duas coisas o seguinte:

«Igualdade de Género – Esclarecimento de Conceitos» – Apresentação pela Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, Dra. MªTeresa Féria de Almeida.

«Globalização: Porquê a necessidade de sensibilizar para a Igualdade de Género?» – Apresentação pela Presidente da Delegação de Matosinhos da Cruz Vermelha Portuguesa, Dra. Joana Salinas.

Não resta pois dúvida alguma de que o estado português dominado pela agenda «gay», «lgbt», etc., em nome dos direitos humanos, «catequisa» a sociedade civil com estas nefandas ideologias que têm o propósito de acabar com os mesmos, invertendo-os, de modo a que o seu poder tentacular se vá fortalecendo, ainda mais, até ao ponto de estabelecer o seu totalitarismo intrinsecamente perverso, que perseguirá implacável e desalmadamente os cristãos e todas as demais pessoas que queiram viver de acordo com a recta razão.

Para concluir volto ao princípio do texto somente para dizer que, se dependesse de mim, aquela mãe que, não obstante a pobreza, tem um amor maior que todas as riquezas, seria condecorada com o mais alto galardão nacional como exemplo de generosidade em tempos de tanto egoísmo, como modelo do maior contributo que se pode dar para o futuro deste país que se encontra em estado adiantado de suicídio demográfico.


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