terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Aborto é o cúmulo da violência doméstica

Fernando Castro, entrevistado no Diabo por João Filipe Pereira

«Barrigas de aluguer só interessam à esquerda caviar»
     


Em Portugal há 5 mil famílias com três ou mais filhos registadas na Associação Portuguesa de Famílias Numerosas. Fernando Ribeiro e Castro é o seu presidente. Em entrevista a O DIABO, o homem que defende os interesses das famílias grandes é fulminante no ataque que faz à «Esquerda caviar», às políticas do Governo e aos «totós» do CDS, PSD e PS.

O Diabo -- Recentemente voltou-se a falar da necessidade de rever a lei do aborto e há mesmo quem defenda a necessidade de um novo referendo. Enquanto presidente da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN), considera urgente essa alteração?

Fernando Ribeiro e Castro -- Nós estamos e sempre estivemos contra o aborto. O aborto mais não é que o matar de um bebe e nós somos a favor da vida. Este é, sem dúvida, o cúmulo da violência doméstica, o matar de um filho no lugar mais seguro que a Natureza criou: a barriga da mãe. Portanto, o que está errado não são as políticas ou os políticos. O que está mal são as leis que permitem tal acção. Porque, quando a vida humana passa a ter um valor relativo, todo o sistema gerativo cai por terra. É nossa missão, enquanto adultos responsáveis, defender os mais fracos. E os mais fracos na sociedade são os idosos e as crianças. E fácil de concluir que esta é uma lei iníqua. Uma lei que nasce de um referendo onde se descriminaliza o aborto e não a mulher. Uma lei que resulta hoje em situações absurdas como a do Estado, através dos contribuintes, oferecer, além do aborto em si, a viagem até ao Hospital à mulher que o vai fazer. Pior: até oferece o subsidio de maternidade. Tudo isto numa época em que o Estado não está a assegurar os cuidados básicos aos portugueses -- que estão a pagar cada vez mais taxas moderadoras.

Considera igualmente absurdo o debate social so¬bre as barrigas de aluguer?

Mas que debate social? Não há debate social. Houve sim uns meninos do Bloco de Esquerda mais uns meninos da Juventude Socialista e uns «totós» do PSD e CDS que foram atrás. Estes últimos tiveram a dignidade de depois recuarem. A sociedade está preocupada com os problemas do dia-a-dia, está preocupada em sobreviver... Não quer saber disto para nada. Os únicos interessados são os elementos de uma "Esquerda caviar". O facto de haver meninos no Bloco que não estão aflitos, ao contrário dos restantes portugueses, não significa que percam o tempo a pensar em disparates. Que vão jogar às cartas ou que se dediquem à pesca. E por favor, o PSD e o PS que não vão atrás da «Esquerda caviar» de cada vez que eles se lembram destas parvoíces.

As famílias portuguesas continuam a preferir comprar um carro a ter um filho?

Isso era antes. O paradigma alterou-se com esta situação financeira e econômica - da qual Portugal é uma grande vítima. Os políticos andam distraídos e não estão a tomar as políticas correctas. Estamos a registar uma redução da população activa, o que resulta numa quebra do consumo, que por sua vez tem consequências no número de desempregados, que por sua vez acelera a crise... Vamos esperar que as suas políticas olhem mais para o País. O Estado Social foi inventado com a ideia que uma geração cria uma geração com mais habitantes. O que permitiria pagar a sua dívida. O irónico é que a geração que inventou o Estado Social deu um tiro no pé ao criar uma geração mais pequena. O Estado Social foi á vida.

A APFN, neste cenário, tem tentado sensibilizar a classe política para os problemas da família?

O objectivo da APFN é reunir as famílias na luta contra este Estado e as suas políticas anti-natalistas. Este Governo que agora tomou posse está a ser pior que o de José Sócrates. Como é possível não terem em atenção a dimensão da família no calculo dos diversos impostos? Estão a penalizar as famílias que contribuem para a renovação de gerações. Os municípios ainda são o garante de uma politica a pensar nas famílias, pois necessitam de travar a desertificação e o abandono dos concelhos.

Ao Governo só pedimos justiça e equidade. Há anos que alertámos o Governo e o Parla-mento para a aldrabice dos nú¬meros que estavam a ser torna¬dos públicos. Guterres garantiu, no seu tempo, que a Segurança Social estava garantida. Há dois anos, Sócrates garantiu o mesmo...

A verdade é que está novamente em causa a Segurança Social e o próprio País. Perdemos 1 milhão e 200 mil crianças e jovens nos últimos anos. Actualmente existem cerca de 40 mil professores sem colocação. Faça as contas, se não tivéssemos perdido população teríamos emprego para dar aos professores.

Veja o caso das maternidades. Se não há nascimentos, para quê maternidades abertas em que temos excelentes profissionais sem um único parto para fazer? Qualquer dia o Governo terá que se decidir no que respeita à Guarda, Covilhã e Castelo Branco - todas estas cidades ainda têm maternidades abertas.

Já reuniram com o Governo?

Sempre que há mudança de Governo nós pedimos audiências. Já fomos ouvidos pelo CDS, pelo PSD e pelo PS. Pedimos audiência ao primeiro-ministro, ao ministro das Finanças, ao ministro da Educação, ao ministro da Saúde e ao ministro da Solidariedade Social. Apenas conseguimos uma reunião com o secretario de Estado dos Assuntos Fiscais e dessa reunião não saiu nada.

As famílias numerosas, na sua maioria, não são ricas nem pobres, mas como é que é pos-sível sobreviver quando vemos o preço da electricidade a subir para os 23 por cento de IVA, quando a electricidade é um bem de primeira necessidade. Bem, da conta da EDP apenas um terço é para a electricidade. O restante prende-se com Custos de Interesse Económico Geral, seja isso o que for.

Não compreendemos as políticas deste Governo.

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