«Está para nascer um primeiro-ministro que escreva melhor artigo de opinião do que eu». Do mesmo modo que se auto-elogiou no combate ao défice público, esta poderia ser a frase escolhida por José Sócrates para resumir o seu artigo de opinião publicado hoje no JN.
O texto é um panfleto político, com uma colagem de ideias avulsas que reflectem a sua actuação nos últimos quatro anos: Sócrates governou para a propaganda e para as televisões. Mas o que ressalta com mais evidência do artigo "Uma escolha decisiva" é a palavra "modernização", repetida até à exaustação (onze vezes no texto). Isto leva-nos a concluir que Sócrates pretende passar a imagem de um político moderno, de alguém que iluminado por uma profecia conduz o seu povo à terra prometida.
Já há quatro anos que vamos sabendo a que tipo de modernismo Sócrates se refere: uma cultura de morte, à negação do direito de escolha pelos pais do tipo de educação a dar aos seus filhos como aconteceu com a Lei de educação sexual, ao desdém das raízes católicas do nosso povo, à promoção da homossexualidade (e não apenas ao respeito pelas pessoas), à relativização do casamento, etc.
Por mais que Sócrates fale do futuro - do TGV que não decidiu, do aeroporto que não iniciou, dos hospitais que não construiu, etc. -, a verdade é que o seu conceito de modernismo não passa apenas pela obra que agora promete finalmente fazer. Passa pelos valores que defende e que pretende continuar a implementar por cá.
O modernismo de Sócrates parte do principio de que algumas ideias que surgem na sociedade, e que ele intitula de forças políticas de sinal contrário, são ultrapassadas e um empecilho para se alcançar o progresso. No texto, verificamos que o actual primeiro-ministro assume-se como o terapeuta que vai libertar do nosso inconsciente colectivo "um certo espírito do salazarismo". Ele será o exorcista e a parte da população que não comunga das suas ideias - os possessos pelos demónios do passado e os avessos ao progresso - não irá conter a sua ambição de ir mais longe. Sócrates promete um combate feroz a todos aqueles que se lhe opõem, afirmando sem equívocos, no seu manifesto político, que vai modernizar-nos com os seus doutos conhecimentos progressistas, através das suas reformas modernizadoras.
Tal como Flaubert, o actual primeiro-ministro entende que "é essencial ser absolutamente moderno nos gostos". Pois assumo que prefiro o estilo clássico, assim não corro o risco de ficar fora de moda já a 27 de Setembro, na altura das próximas eleições.
in http://www.oinimputavel.blogspot.com/
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