segunda-feira, 8 de julho de 2019
Sobre a questão de ter filhos apenas aos 40
UFP
Na nossa página do Facebook, reproduzimos um artigo de Henrique Raposo criticando a atitude de muitos casais decidirem ter filhos apenas já com uma certa idade. A nossa publicação suscitou um certo número de comentários e centenas de partilhas, significando estas, à partida, concordância com o conteúdo. Mas também houve algumas vozes discordantes, o que nos leva a nós aqui a tecermos este comentário.
Este nosso comentário consta de três partes.
I — O que é inequivocamente natural
II — A escolha individual de cada um
III — A função do Estado na família e na demografia
I — O QUE É INEQUIVOCAMENTE NATURAL
A natureza não é como cada um quer. Nem como os filósofos querem, nem como os engenheiros sociais querem, nem como os políticos querem, nem como cada um de nós quer. Ela é como é. Todas as doutrinas contra natura estão condenadas ao fracasso.
Quanto à ordem natural, há razões para ter filhos predominantemente mais cedo e não predominantemente aos 40, e isto por três razões.
>>> PRIMEIRA RAZÃO NATURAL : DE ORDEM BIOLÓGICA.
Quanto mais velha é a mãe ou o pai, maior é a probabilidade da saúde física e mental dos filhos apresentar deficiências. São grandes os riscos das trissomias 21, 18 e 13 e distúrbios psiquiátricos e cognitivos, como esquizofrenia, transtorno bipolar, autismo e déficit intelectual.
>>> SEGUNDA RAZÃO NATURAL : DE ORDEM PSÍQUICA E FÍSICA
A idade traz cansaço físico e mental. Cuidar de crianças pequenas, em particular de bebés, torna-se mais penoso, especialmente para as mães a amamentar. O esforço físico a privação do sono tornam-se mais dolorosos para a mãe e para o pai se a idade for mais adiantada.
>>> TERCEIRA RAZÃO NATURAL : DE ORDEM DA SEGURANÇA DOS FILHOS
Considerando que a esperança de vida vai encurtando com o avanço da idade, pais tardios estão a aumentar a probabilidade de criar situações de crianças ou jovens órfãos.
II — A ESCOLHA INDIVIDUAL DE CADA UM
Lançados os dados, cabe a cada um escolher quando quer ser mãe ou pai, bem entendido com as limitações que a vida lhe imponha.
Contudo, há que distinguir aquilo que são verdadeiras razões da vida impeditivas de procriar na idade própria que a natureza recomenda das razões sem razão alguma, apenas de opção pessoal. De facto, circunstâncias podem impedir algumas pessoas de casar e procriar na idade própria. Mas a maioria tem outras «razões».
Uns e umas sentem-se bem junto dos mimos das mamãs.
Outros e outras estão viciados no facilitismo e comodismo dos nossos dias, estabelecendo tais condições para casar que, se os seus pais ou avós tivessem seguido os mesmos critérios, eles nem existiriam no mundo.
Outros e outras são puros hedonistas, pensando apenas no prazer do divertimento, quando não mesmo libertinagem, e prolongando a juventude até à meia-idade.
Outros e outras são ambiciosos desmedidos e colocam os seus projectos de carreira profissional acima de qualquer projecto familiar.
Enfim, são diferentes maneiras de ver o mundo. Só nos resta desejar boa sorte a todas as mães e pais que utilizam tais critérios e decidam correr os riscos de uma gravidez tardia.
III — A FUNÇÃO DO ESTADO NA FAMÍLIA E NA DEMOGRAFIA
Um estado como deveria ser teria de se preocupar com o problema da demografia e da natalidade tardia.
Em primeiro lugar, sendo a causa fundamental do problema de natureza cultural, o Estado deveria regular a educação nacional de modo a ensinar aos jovens a natureza da vida. Ao contrário, assiste-se à propaganda desenfreada dos contra-valores antifamília. Basta abrir uma televisão, ouvir uma canção ou até folhear um livro escolar para verificar a triste realidade. Por todo o lado se ensina o contrário à constituição de uma família sólida, por todo o lado surgem os apelos à vida incompatível com a família. E portanto incompatível com a natalidade.
E em segundo lugar, o Estado deveria ter uma política prò-família integrada nas suas várias políticas. Contudo, acontece que o Estado, dirigido por liberais, tecnocratas ou socialistas, tem precisamente feito o contrário.
A política económica é antifamília ao provocar o marasmo económico e a escassez de meios.
A política fiscal é antifamília nas tabelas de IRS, do IRC e da própria Segurança Social.
A política cultural é antifamília nos conteúdos, nos apelos, nas seduções que veicula.
A política da educação é antifamília nos programas escolares.
A política de gestão do ensino é antifamília na colocação dos professores.
A política legislativa é antifamília na adopção de conceitos antifamília de minorias activas.
A política de protecção de crianças e jovens é antifamília ao roubar crianças a famílias pobres ou em crise para alimentar uma série de indústrias «sociais», o complexo-social-industrial.
A política moral é antifamília, caindo mesmo na promoção do homossexualismo.
Trata-se de um grave problema nacional que se torna igualmente um problema de saúde pública e até de defesa nacional. É um problema da nossa sobrevivência como nação.
Por tudo isto, podem ter alguma razão aqueles que se queixam de dificuldades materiais que poderiam não existir e que, de algum modo, obstaculizam o funcionamento da natureza. Mas mais razão têm aqueles que, queixando-se ou não, enfrentam essas dificuldades e, com sacrifícios, constituem as suas famílias — disso também beneficiando na coexistência de gerações e por verem os seus filhos crescer mais cedo, no momento certo, no tempo natural.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário