Soeren Kern, Gatestoneinstitute, 3 de Agosto de 2017
Original em inglês: Germany: Infectious Diseases Spreading as Migrants Settle In
Tradução: Joseph Skilnik
- Um novo
estudo que acaba de ser divulgado pelo Instituto Robert Koch (IRK),
principal instituição do governo federal para o monitoramento e prevenção
de doenças, confirma que houve um aumento generalizado de doenças desde
2015, quando a Alemanha acolheu um número jamais visto de migrantes.
- Os médicos
afirmam que o número de casos de tuberculose é muito maior do que indicam
os números oficiais e acusam o IRK de minimizar a ameaça com o intuito de
evitar deitar mais lenha na fogueira nos sentimentos anti-imigração.
- «Foram
enviados de 700 mil a 800 mil pedidos de asilo e 300 mil refugiados
desapareceram. Eles foram verificados? Eles são de países de alto risco?»
— Carsten Boos, cirurgião ortopedista, entrevistado pela revista Focus.
A um
candidato a asilo do Iémen, que teve o visto negado, foi cedido abrigo numa
igreja no norte da Alemanha para evitar que fosse deportado, ao que tudo
indica, por ter infectado mais
de 50 crianças alemãs com uma substância altamente contagiosa de tuberculose.
O
homem, a quem foi dado abrigo numa igreja em Bünsdorf, entre Janeiro e Maio de
2017, tinha frequente contacto com as crianças, algumas com menos de três anos
de idade, que frequentavam uma creche nas dependências do abrigo. Ele deu
entrada num hospital em Rendsburg em Junho e posteriormente diagnosticado com
tuberculose – uma doença que só recentemente chamou a atenção dos alemães.
As
autoridades sanitárias locais dizem que, além das crianças, pais e professores,
bem como paroquianos também estão a passar por exames para o diagnóstico da
doença, que pode aparecer meses ou mesmo anos após a exposição. Ainda não está
claro se o homem passou pelos devidos exames médicos assim que chegou à
Alemanha ou se ele é uma das centenas de milhares de migrantes que entraram
sorrateiramente.
A
ameaça de um surto de tuberculose dirigiu mais uma vez o holofote sobre a
intensificação do risco de doenças infecciosas na Alemanha, desde que a
chanceler Angela Merkel permitiu a entrada de cerca de dois milhões de
migrantes de África, Ásia e Médio Oriente.
Um
novo estudo que acaba de ser divulgado pelo Instituto Robert Koch (IRK),
principal instituição do governo federal para o monitoramento e prevenção de
doenças, confirma que
houve um aumento generalizado da doença desde 2015, quando a Alemanha acolheu
um número jamais visto de migrantes.
O Relatório
Epidemiológico Anual de Doenças Infecciosas – publicado em 12 de
Julho de 2017 apresenta dados sobre a situação das mais de 50 doenças
infecciosas existentes na Alemanha em 2016 – proporciona o primeiro vislumbre
sobre as consequências na saúde pública do gigantesco influxo de migrantes
ocorrido no final de 2015.
O
estudo revela uma alta na incidência da conjuntivite adenoviral, botulismo,
varíola, cólera, criptosporidiose, dengue, equinococose, Escherichia coli
enterohemorrágica, giardíase, hemofilia, influenza, hantavírus, hepatite, febre
hemorrágica, HIV/AIDS, hanseníase, febre recorrente, malária, sarampo, doença
meningocócica, meningoencefalite, caxumba, paratifoide, rubéola, disenteria
bacteriana, sífilis, toxoplasmose, triquinose, tuberculose, tularemia, tifo e
coqueluche.
A
Alemanha − pelo menos até agora − desvencilhou-se do pior dos mundos: a maioria
das doenças tropicais e exóticas trazidas para o país pelos migrantes foram
contidas, não há registo de pandemias. As doenças mais comuns, no entanto,
muitas das quais estão directamente ou indirectamente ligadas à migração em
massa estão aumentando, de acordo com o estudo.
A
incidência da hepatite B, por exemplo, saltou 300% nos últimos três anos,
segundo o IRK. O número de casos registados na Alemanha foi de 3 006 em 2016, um
salto dos 755 casos ocorridos em 2014. A maioria dos casos, segundo consta,
limita-se a migrantes não vacinados do Afeganistão, do Iraque e da Síria. A
incidência de sarampo na Alemanha saltou em mais de 450% entre 2014 e 2015, o
número de casos de varíola, meningite, caxumba, rubéola e coqueluche também
aumentou. Os migrantes também representaram pelo menos 40% dos novos casos de
HIV/AIDS identificados na Alemanha desde 2015, de
acordo com outro relatório do IRK.
É
possível que as estatísticas do IRK revelem apenas a ponta do iceberg. O número
de casos registados de tuberculose, por exemplo, foi de 5 915 em 2016, um salto
dos 4 488 casos em relação a 2014, um aumento de mais de 30% naquele período.
Há médicos, no entanto, que acreditam que o número de casos de tuberculose é
muito maior e acusam o IRK de minimizar a ameaça, com o intuito de evitar
deitar mais lenha na fogueira nos sentimentos anti-imigração.
Em entrevista concedida
à revista Focus, Carsten Boos, cirurgião ortopedista, alertou que
as autoridades alemãs desconhecem o paradeiro de centenas de milhares de
migrantes que podem estar infectados. Acrescentou que 40% de todos os agentes
patogénicos da tuberculose são resistentes a múltiplos fármacos e, portanto,
inerentemente perigosos para a população em geral:
«Quando
os candidatos a asilo vêm de países com alto risco de infecção pela
tuberculose, o IRK, sendo o mais alto órgão alemão de protecção contra
infecções, não deveria minimizar o perigo. Um instituto federal usa de
correcção política para encobrir a desagradável realidade?
«Os
média denunciam que em 2015 a polícia federal registou a entrada de
cerca de 1,1 milhões de refugiados. Foram enviados de 700 mil a 800 mil pedidos
de asilo e 300 mil refugiados desapareceram. Eles foram verificados? Eles são
de países de alto risco?
«A
impressão que se tem no IRK é que não há comunicação entre os departamentos».
Os
jornais alemães publicaram uma série de artigos sobre a dimensão na crise da
saúde pública em relação aos migrantes. Os artigos frequentemente citam
profissionais da saúde com experiência em primeira mão no tratamento de
migrantes. Muitos admitem que a migração em massa aumentou o risco de
surgimento de doenças infecciosas na Alemanha. Algumas manchetes:
«Refugiados Muitas Vezes Trazem Doenças Desconhecidas ao País Anfitrião», «Refugiados Trazem Doenças Raras a Berlim», «Refugiados em Hesse: Volta de Doenças Raras», «Refugiados Muitas Vezes Trazem Doenças Desconhecidas para a Alemanha», «Especialistas: Refugiados Trazem Doenças 'Esquecidas'» «Triplica o Número de Casos de Hepatite B na Baviera», «Casos de Solitária na Alemanha Aumentam Mais de 30%», «Doenças Infecciosas: Refugiados Trazem Tuberculose», «Tuberculose na Alemanha em Ascensão Novamente, Principalmente nas Grandes Cidades: Causadas pela Migração e pela pobreza», «Refugiados Trazem Tuberculose», «Mais Doenças na Alemanha: Tuberculose está de volta», «Profissional da Saúde Teme Volta da Tuberculose Devido à Onda de Refugiados», «Acentuado Aumento de Tuberculose em Baden-Württemberg: Migrantes Frequentemente Afectados», «Especialista: Política de Refugiados Responsável pelo Surto de Sarampo», «Sarna em Alta na Região do Reno, Norte da Westphalia», «Doenças Quase Esquecidas como a Sarna Voltam à Bielefeld», «Você Entra em Contacto com Refugiados? Fique Atento» e «Refugiados: Ampla Gama de Doenças».
No auge da crise dos migrantes em Outubro de 2015, Michael Melter, médico-chefe do Hospital Universitário de Regensburg, relatou que estavam a chegar migrantes ao hospital com doenças que quase nunca foram vistas na Alemanha. «Algumas delas eu não via há 20 ou 25 anos», destacou, «muitos dos meus colegas mais novos nunca as viram».
Marc Schreiner, director de relações internacionais da Federação Alemã de Hospitais (Deutschen Krankenhausgesellschaft), repercutiu a inquietação de Melter:
«Nos postos de saúde é cada vez mais comum ver pacientes com doenças consideradas erradicadas na Alemanha, como por exemplo a sarna. Essas doenças devem ser diagnosticadas de forma confiável, o que é um desafio».
Christoph Lange, especialista em tuberculose do Centro de Pesquisa Borstel, afirmou que os médicos alemães não estavam familiarizados com inúmeras das doenças importadas pelos migrantes: «seria positivo se as doenças tropicais e outras doenças raras no nosso meio tivessem um papel mais importante na aprendizagem dos médicos».
A Sociedade Alemã de Gastroenterologia, Doenças Digestivas e Metabólicas realizou recentemente um congresso de cinco dias em Hamburgo para ajudar profissionais da saúde a diagnosticarem doenças raramente vistas na Alemanha. Entre elas encontram-se:
- Febre
Recorrente: no decorrer dos últimos dois anos, pelo menos 48
pessoas foram diagnosticadas com febre recorrente na Alemanha, doença
desconhecida no país antes da crise migratória de 2015 de
acordo com o relatório do IRK. A doença, que é transmitida
por piolhos alojados no vestuário, é lugar comum nos migrantes da África
Oriental que estavam a caminho há meses para aportarem na Alemanha com a
mesma roupa no corpo. «Já tínhamos esquecido a febre recorrente», assinalou Hans
Jäger, médico que trabalha em Munique. «A doença leva a
óbito até 40% dos enfermos se não for diagnosticada e não for tratada com
antibióticos. Os sintomas são parecidos com os da malária: febre, dor de
cabeça, erupção cutânea».
- Febre de
Lassa: em Fevereiro de 2016 um paciente que a havia
contraído no Togo, África Ocidental, foi tratado
e faleceu na Alemanha. Após a sua morte, uma infecção pelo
vírus de Lassa foi confirmada noutra pessoa que teve contacto profissional
com o corpo do falecido. O paciente ficou de quarentena e sobreviveu. Esta
foi a primeira transmissão documentada do vírus de Lassa na Alemanha.
- Dengue:
Quase mil pessoas foram diagnosticadas com
dengue, doença tropical transmitida por um mosquito, na Alemanha em 2016.
Isto constitui um salto de 25% desde 2014, quando 755 pessoas foram
diagnosticadas com a doença.
- Malária: o
número de pessoas diagnosticadas com
a malária subiu dramaticamente em 2014 (1 007) e 2015 (1 063), caindo
ligeiramente em 2016 (970). A maioria dos infectados contraiu a doença em
África, principalmente na República dos Camarões, Gana, Nigéria e no Togo.
- Equinococose:
entre 2014 e 2016, mais de 200 pessoas na Alemanha foram diagnosticadas com
a Equinococose, uma verminose. Isso representa uma subida de
cerca de 30%. Os enfermos contraíram a doença no Afeganistão, Bulgária,
Grécia, Kosovo, Iraque, Macedónia, Marrocos, Síria ou Turquia.
- Difteria:
entre 2014 e 2016 mais de 30 pessoas foram diagnosticadas com
difteria na Alemanha. Os infectados contraíram a doença na Etiópia,
Eritreia, Líbia, Sri Lanka ou Tailândia.
- Sarna:
entre 2013 e 2016 o número de pessoas diagnosticadas com sarna na região
do Reno, Norte da Westphalia subiu quase
3 000%.
Enquanto
isso, a Alemanha está diante de um surto de sarampo que as
autoridades sanitárias ligaram à imigração da Roménia. Cerca de 700 pessoas foram diagnosticadas com
sarampo na Alemanha nos primeiros seis meses de 2017, em comparação com 323
casos em 2016, de
acordo com o Instituto Robert Koch. O surto de sarampo espalhou-se
em todos os 16 estados da federação alemã excepto em
Mecklenburg-Vorpommern, este estado com uma população migrante extremamente
reduzida.
O
epicentro da crise de sarampo encontra-se na região do Reno, Norte da
Westphalia (NRW sigla em inglês), estado mais populoso da Alemanha e também o
estado com o maior número de migrantes. Cerca de 500 pessoas foram diagnosticadas com
sarampo na NRW nos primeiros seis meses de 2017. A maioria dos casos foi
registada em Duisburg e Essen, onde uma mãe de 37 anos de idade, com três
filhos faleceu em
Maio, em consequência da doença. Surtos de sarampo também foram registados
em Berlim,
Colónia, Dresden, Hamburgo, Leipzig, Munique e Frankfurt, onde um bebé de nove
meses foi diagnosticado com
a doença.
No
dia 1 de Junho de 2017, o Parlamento Alemão aprovou uma
nova lei, polémica, exigindo que jardins de infância informem as autoridades
alemãs caso os pais não apresentem provas que consultaram um médico acerca da
vacinação dos seus filhos. Os pais que se recusarem a cumprir a lei estarão
sujeitos a pagar uma multa de US$2 850. «Não podemos ser indiferentes ao facto
das pessoas ainda estarem a morrer de sarampo» destacou o
ministro da Saúde da Alemanha Hermann Gröhe. «É por isso que estamos a
endurecer a regulamentação no tocante à vacinação».
Há quem diga que a nova lei não é suficientemente rigorosa. Há quem defenda que as vacinas devam ser obrigatórias para todos na Alemanha. Outros dizem que a lei está a ir longe demais e que infringe a privacidade garantida pela constituição alemã. Acrescentam que os pais, não o governo, devem decidir o que é melhor para os seus filhos. Persistem as consequências da política de portas abertas para a imigração da chanceler Merkel.
Há quem diga que a nova lei não é suficientemente rigorosa. Há quem defenda que as vacinas devam ser obrigatórias para todos na Alemanha. Outros dizem que a lei está a ir longe demais e que infringe a privacidade garantida pela constituição alemã. Acrescentam que os pais, não o governo, devem decidir o que é melhor para os seus filhos. Persistem as consequências da política de portas abertas para a imigração da chanceler Merkel.
Sem comentários:
Enviar um comentário