segunda-feira, 14 de julho de 2014

A inutilidade da dona de casa


Evelyn Mayer



Um dia destes assistia a um programa de televisão cujo apresentador é um homem culto, um grande empresário e bem sucedido profissionalmente. O assunto do programa circulava em torno de vários temas polémicos que já tinham sido apresentados.

Um dos temas era sobre as donas de casa. Eis, então, a pérola do tal apresentador: «eu respeito muito a mulher que, mesmo andando na faculdade, decide ficar em casa a cuidar dos filhos. Entretanto acho legítimo quando a mulher não para com os estudos, e continua a aperfeiçoar-se. Essa, sim, merece o meu respeito, não ficou em casa sendo inútil como dona de casa, porque continuou a valorizar-se».

Não é difícil perceber nesta linguagem o preconceito do respectivo apresentador com as donas de casa. Na verdade, ele não respeita a mulher que decidiu ficar em casa para cuidar dos filhos, marido e casa, mas aquela que achou «cult» optar por isso.

O que seria «cult» neste assunto? Explico. A nossa sociedade é influênciada pelo feminismo de que a mulher não pode ficar em casa, pois perde tempo de vida e rebaixa-se ao homem. Sendo assim, tentou equiparar homens e mulheres num mesmo patamar. Não deu certo. Então, resolveram dar à mulher a opção de trabalhar fora, e ser o sustento da família, enquanto o homem cuida dos filhos e da casa. Também não deu certo. Então, esse pensamento feminista encontrou uma habilidade a de ficar em casa, mas não ter a aparência de «empregada» da casa (visão errada sobre os cuidados da casa, diga-se!). Ela cuida dos filhos, mas não deixa de estudar.

Ora, que a mulher possa fazer isso, não há nenhum problema. A única razão para repensar isso é se esta mesma mulher entende que ser irrealizada é ser «apenas» mãe, esposa e dona de casa.

A nossa sociedade necessita, de corrigir os seus conceitos sobre este assunto urgentemente. Já é tempo de compreender que a dona de casa é a base da família. Atrás de um grande profissional há aquela dona de casa que cuidou dos filhos, da educação e da família. Cuidar da casa e dos filhos não é nada inferior, mas muito importante e necessário. Chegou a hora de repensarmos se devemos confiar a outra mulher a chefia e o cuidado da nossa casa e família, pagando-lhe um salário mensal. A sociedade precisa hoje de mulheres que não vejam o serviço da casa como algo «cult», mas fundamental para uma família feliz.

Enquanto isso não acontecer, continuaremos a encontrar homens e mulheres que vêem na dona de casa uma inútil que, a bem da verdade, inútil e inapropriado é este pensamento.

Evelyn Mayer é casada, mãe, professora de Língua Portuguesa e conferencista de recursos humanos.





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