terça-feira, 8 de abril de 2014

Isabel Jonet: doidos à solta


Alberto Gonçalves, DN

Quase todas as semanas há uma polémica em redor de Isabel Jonet, menos por culpa da própria do que por empenho dos muitos que a odeiam. O mais recente episódio dessa longa novela prende-se com uma entrevista da presidente do Banco Alimentar à Rádio Renascença, na qual afirmou que as «redes sociais» são «um dos maiores inimigos dos desempregados», os que passam «dias e dias agarrados ao Facebook, ou a jogos, ou a falsos amigos que não existem», e criam a «ilusão» de que trabalham por estarem sentados ao computador.

Isabel Jonet acha que assim é praticamente impossível conseguir-se um emprego, e não custa concordar com a senhora – excepto, claro, se partirmos do princípio de que tudo o que a senhora diz é uma afronta aos desvalidos, dado que a senhora não é de esquerda e, para cúmulo, tem o descaramento de distribuir comida entre os pobres, em vez de retórica. Neste caso, a opção óbvia consiste em distorcer um bocadinho as palavras de Isabel Jonet (o Público jura que ela «critica desempregados») e verter indignação a rodos.

Onde? Ora essa: no Facebook, que serve justamente para que a loucura, à semelhança de certa pobreza, não permaneça envergonhada e confinada a hospitais e consultórios psiquiátricos. Difícil não é perceber como é que inúmeros viciados nas «redes sociais» não arranjam emprego, mas perceber como é que outros tantos mantêm o seu.





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