Alberto Gonçalves, DN
Quase todas as semanas há uma polémica em redor de
Isabel Jonet, menos por culpa da própria do que por empenho dos muitos que a
odeiam. O mais recente episódio dessa longa novela prende-se com uma entrevista
da presidente do Banco Alimentar à Rádio Renascença, na qual afirmou que as
«redes sociais» são «um dos maiores inimigos dos desempregados», os que passam
«dias e dias agarrados ao Facebook, ou a jogos, ou a falsos amigos que não
existem», e criam a «ilusão» de que trabalham por estarem sentados ao computador.
Isabel Jonet acha que assim é praticamente
impossível conseguir-se um emprego, e não custa concordar com a senhora –
excepto, claro, se partirmos do princípio de que tudo o que a senhora diz é uma
afronta aos desvalidos, dado que a senhora não é de esquerda e, para cúmulo,
tem o descaramento de distribuir comida entre os pobres, em vez de retórica.
Neste caso, a opção óbvia consiste em
distorcer um bocadinho as palavras de Isabel Jonet (o Público
jura que ela «critica desempregados») e verter indignação a rodos.
Onde? Ora essa: no
Facebook, que serve justamente para que a loucura, à semelhança de certa
pobreza, não permaneça envergonhada e confinada a hospitais e consultórios
psiquiátricos. Difícil não é perceber como é que inúmeros viciados nas «redes
sociais» não arranjam emprego, mas perceber como é que outros tantos mantêm o
seu.
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