Nuno
Serras Pereira
Depois da apresentação,
por parte dos partidos políticos com assento na assembleia da república, de projectos de lei
distintos, díspares mesmo contraditórios entre si eis que, após amenas conversas em plenário, votaram por
unanimidade a «lei» nº 25/2012, de 16 de Julho, que «regula as directivas
antecipadas de vontade, designadamente sob a forma de testamento vital, e a
nomeação de procurador de cuidados de saúde e cria o registo nacional de
testamento vital (rentev)». O nome traz já em si todo um programa necrófago
(sim, necrófago porque esta gente alimenta-se de morte), que é confirmado quer
pelo conchavo extraordinário daqueles cujo objectivo continuado sempre foi a
fractura, e a devastação ou aniquilamento da pessoa humana, abominando qualquer
conciliação; quer pela interpretação ambígua a que a «lei» propositadamente se
presta. Aliás foi essa mesma ambigenia que ocasionou a unanimidade, uma vez que
por ela se abrirá a porta à eutanásia – primeiro, por omissão, em seguida, pela
acção.
Uma
vez formada e lançada a bola de neve inevitavelmente se seguirá o alude.
Quando, em nome do consenso se barganham os princípios e valores inegociáveis o
resultado só pode ser uma catástrofe.
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