quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A Mulher, o feminismo e a lei da paridade


Joana Bento Rodrigues

Os movimentos feministas deviam inquietar-se com questões fundamentais, em especial as relacionadas com a vida laboral e a sua conciliação com o que é a natureza da mulher e as suas reais preocupações

A mulher dita feminista – a que integra as «tribos», a que se deslumbra com as capas de revistas, a que se diz emancipada, a que não precisa de relações estáveis, a que não quer engravidar para não deformar o corpo nem perder oportunidades profissionais, a que frequentemente foge da elegância no vestir e no estar – optou por se objectificar, pretendendo ser apenas fonte de desejo em relações casuais, rejeitando todo o seu potencial feminino, matrimonial e maternal.

São estas três últimas, as características mais belas da mulher!

O potencial feminino refere-se a tudo o que, por norma, caracteriza a mulher. Gosta de se arranjar e de se sentir bonita. Gosta de ter a casa arrumada e bem decorada. Gosta de ver ordem à sua volta. Gosta de cuidar e receber e assume, amiúde, muitas das tarefas domésticas, com toda a sua alma, porque considera ser essa, também, a sua função.

O potencial matrimonial reside, precisamente, no amparo e na necessidade de segurança. A mulher gosta de se sentir útil, de ser a retaguarda e de criar a estabilidade familiar, para que o marido possa ser profissionalmente bem sucedido. Esse sucesso é também o seu sucesso! Por norma, não se incomoda em ter menos rendimentos que o marido, até pelo contrário. Gosta, sim, que seja este a obtê-los, sendo para si um motivo de orgulho. Porquê? Porque lhe confere a sensação de protecção e de segurança. Demonstra-lhe que, apesar poder ter uma carreira mais condicionada, pelo facto de assumir o papel de esposa e mãe, a mulher conta com esse suporte e apoio do marido, para que nada falte. Por outro lado, aprecia a ideia de «ter casado bem», como se fosse este também um ponto de honra. Naturalmente que o contrário não pode ser visto como menos meritório, em particular quando as oportunidades não são equivalentes. Assim, o casal, enquanto um só e actuando em uníssono, pode optar pela inversão destes papéis, que em nada diminuiu qualquer dos elementos, desde que movidos por objectivos comuns e focados no Amor.

O potencial da maternidade é algo biológico! A mulher é provida de um encanto, de uma ternura, que só se encontra na sua relação com os filhos. Ela é o porto de abrigo das crianças. Na maternidade, a mulher sente-se verdadeiramente realizada, pois percebe o que é o verdadeiro e incondicional Amor! Não espanta, pois, que não possa demitir-se dessa função e que a maternidade seja, por norma, um fortíssimo apelo, ainda que subconsciente. Mesmo quando não é mãe, a mulher é a «melhor tia do mundo», a «melhor madrinha do mundo». Nela reside a arte do cuidar e do mimar.

O feminismo, que lutou pela igualdade de direitos, pela possibilidade de a mulher poder votar, estudar e trabalhar fora de casa, deter iguais direitos laborais em relação ao homem, está longe de ser representado nos movimentos da actualidade. Pois, embora fazendo parte da natureza da mulher ser esposa e mãe, a «mulher moderna» revela também a necessidade de se completar com um papel social e de cidadania, que vê concretizado no trabalho e, se bem-sucedido, tanto melhor! Gosta de ver reconhecido o seu esforço e mérito profissionais, mas sabe também que poderá ter de fazer escolhas para cumprir com os restantes papéis.

Quantas mulheres estarão dispostas a abdicar da maternidade e de um casamento feliz, em nome de uma carreira de sucesso? Dificilmente poderão estar em pé de igualdade com o homem, que mais facilmente dedica horas extra ao trabalho, abdicando do tempo em Família, em nome da progressão laboral e, está claro, daquilo que é um apelo mais masculino, o do sucesso laboral. É isto discriminação? Não, são escolhas!

A sabedoria popular bem o diz: «Não se pode ter tudo»! Não espanta, assim, que haja menos mulheres em cargos políticos e em posições de poder. A mulher escolhe-o naturalmente, ao dedicar menos tempo que o homem às causas partidárias e ao estudo da História e da actualidade, enquanto conhecimento necessário para defender e representar uma Nação.

É certo que é mais difícil ascender profissionalmente num meio masculino, consequência inevitável desta dinâmica social, mas que na sociedade ocidental tanto se tem esbatido nas últimas décadas, em resultado do esforço de muitas mulheres que mostraram, na prática, o que conseguem fazer e alcançar, com a sua enorme inteligência social e emocional. Prova disso é a representatividade feminina no ensino superior no nosso País, na medicina e na advocacia, que já ultrapassa de forma preocupante a masculina!

Por isso, os movimentos feministas deveriam inquietar-se, sim, com questões fundamentais, particularmente as relacionadas com a vida laboral e a sua conciliação com o que é a natureza da mulher e as suas reais preocupações. Contudo, o activismo feminista actual não procura satisfazer o que as mulheres precisam, mas apenas o que pretende uma poderosíssima minoria de mulheres. Este activismo tornou-se, inclusivamente, desprestigiante para a mulher. Priva-a da possibilidade de ascensão social e profissional pelo mérito. Retira-lhe a doçura e candura. Nega-lhe o papel fundamental do matrimónio e da maternidade. Objectifica a mulher, enquanto presa para sexo fácil e espaço de diversão. Promove paradas onde se expõe o corpo de forma grosseira e agreste à visão. Claramente, não representa a «mulher comum»!

A mulher é um ser belíssimo e extraordinário, que já provou conseguir alcançar sonhos e objectivos, sem necessidade de leis movidas por comiseração. A mulher não precisa de quotas obrigatórias para poder aceder à participação na vida política.

Por tudo isso, declaro-me anti-feminista e contra a nova Lei da Paridade!

Médica. Membro da TEM/CDS.
A autora escreve em português correcto, rejeitando a grafia do AO90.





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